O recado para 2024, as dívidas do governo e o calcanhar de Aquiles de Rui

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2024 é logo ali
Passadas as eleições estadual e nacional, os olhos da cena política se voltam agora para as disputas municipais. E, embora o PT tenha conseguido manter o comando do governo do estado, nas grandes cidades da Bahia o recado dado ao grupo petista foi bem diferente. Nos 20 maiores municípios do estado, ACM Neto (União Brasil) venceu em 17, sendo que em cinco deles os prefeitos integram a base governista. A mais emblemática das votações foi em Lauro de Freitas, governada pela petista Moema Gramacho (PT), onde a vitória de Neto foi por 58,98%. Para observadores da política baiana, além da força demonstrada pelo ex-prefeito de Salvador nestes grandes centros, seus apoiadores também mostraram vigor político e devem chegar com bom capital eleitoral para 2024. 

Capital
Em Salvador, ACM Neto recebeu mais de um milhão de votos, maior desempenho já conquistado na capital. Observadores dizem que esse foi, também, um recado para 2024. Por um lado, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) e sua base demonstraram força política ao ampliarem a mobilização pró-Neto no segundo turno e, por outro, o ex-prefeito provou que mantém sua popularidade e aprovação da população. A expressiva votação de ACM Neto em Salvador foi também uma derrota para Geraldo Júnior (MDB), que não poupou esforços para avançar na capital baiana no segundo turno. 

Mesa de negociação
Foi dada a largada para as disputas por espaços dentro do governo do estado. Deputados eleitos, derrotados, presidentes de partido e caciques já se movimentam para conquistar cargos e indicar nomes para as pastas, o que tem gerado conflitos. Quem tem se movimentado bastante é o vice-governador eleito Geraldo Júnior (MDB), que, segundo parlamentares da base aliada, já tem feito articulações à parte e diz que terá algumas secretarias sob o seu controle, sem qualquer ingerência do governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT). Geraldo, inclusive, já diz a Deus e o mundo que a vitória petista só veio graças ao seu trabalho. Alguns caciques veem a movimentação do emedebista como precipitada. 

Hora da fatura I
Quem já avisou que pretende ampliar os espaços no governo é o PSD. Caciques do partido consideram que a vitória de Jerônimo teve contribuição determinante do partido, em especial por causa da capilaridade no interior. Por isso, querem pelo menos mais secretarias sob o seu controle. Hoje, o partido já comanda as duas pastas mais cobiçadas: Sedur e Seinfra. 

Hora da fatura II
Prefeitos que ficaram encantados com as promessas do governo no período eleitoral também já começam a ficar inquietos para cobrar a fatura. Alguns já começaram a procurar deputados para agilizar o pagamento. 

Nome rejeitado
A possibilidade de o vereador de Salvador Henrique Carballal (PDT) ocupar uma secretaria no governo de Jerônimo tem sido vista com apreensão por integrantes da base. Para eles, Carballal não tem know-how nem cacife político para comandar uma pasta, ainda mais a da Educação, como tem sido especulado. Argumentam que na própria base tem nomes mais qualificados e com mais força política, inclusive parlamentares que não conseguiram a reeleição. 

Piada pronta
Enquanto isso, dois deputados da base governista conversavam em um restaurante nesta semana sobre a movimentação dos aliados por espaços no Executivo. Ao falarem sobre quem estava brigando pelo que, um deles não aguentou e brincou: “Se for pra acolher todo mundo, Jerônimo vai ter que criar mais umas dez secretarias. E ainda assim pode não dar”. 

Medo do holofote I
Pessoas próximas ao governador Rui Costa (PT) estão receosas com uma eventual nomeação do petista para um ministério no governo de Lula (PT). O temor é que, caso a indicação venha a se concretizar, Rui pode ser bombardeado pela imprensa nacional com escândalos da sua gestão, em especial do caso dos respiradores, que inclusive já vem sendo tratado pela mídia. O caso provocou um rombo de quase R$ 50 milhões aos cofres públicos e segue sem explicação. Rui é um dos principais alvos das investigações por ser, na época, presidente do Consórcio do Nordeste e, portanto, ordenador de despesas da instituição. 

Medo do holofote II
Fontes que acompanham as investigações, que estão em segredo de justiça no STJ, confidenciam que as delações do caso são devastadoras para o governo baiano e atinge em cheio o governador Rui Costa. Principalmente, contam à coluna, a delação da empresária Cristiana Prestes, dona da Hempcare, empresa especializada em produtos de maconha contratada para providenciar os respiradores. “É uma verdadeira bomba”, diz a fonte. 

O meu primeiro
Caciques da base governista na Assembleia Legislativa não estão nada satisfeitos com a articulação do deputado Adolfo Menezes (PSD), que, a menos de uma semana após o segundo turno, já tem os apoios necessários para se manter no comando da Casa. Nem mesmo no Palácio de Ondina a movimentação tem sido bem vista, uma vez que as principais lideranças partidárias esperavam construir um nome de consenso na base, o que ainda não há hoje. Pelo que se comenta, Adolfo nem era o favorito da base para assumir o comando da Alba. Outros nomes, como os deputados Ivana Bastos (PSD), mais votada no pleito, e Rosemberg Pinto (PT) também estavam de olho na presidência do Legislativo baiano. 

Apoio antecipado
Fato é que o apoio da oposição foi um elemento que, neste momento, encaminhou o favoritismo de Adolfo para a recondução. Se especula que, com o apoio, a bancada oposicionista deve conquistar mais espaços na Casa, inclusive nas comissões mais importantes.

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