Com o tema “Por uma abolição econômica”, o Festival Afrofuturismo desembarca em Salvador nesta sexta-feira (18) e neste sábado (19) com o objetivo de fomentar a discussão sobre a reparação econômica dos descendentes de africanos escravizados no Brasil. Um dos idealizadores do evento e cofundador da Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes falou sobre os impactos econômicos e projetou ações necessárias para os próximos anos. Ao Bahia Notícias, ele destacou a necessidade de fomentar investimentos, atrair recursos da iniciativa privada e o foco na formação acadêmica como instrumento de preparo para o mercado de trabalho.
“Falta investimento, políticas públicas em primeiro lugar, porque o estado precisa fomentar esses investimentos, então a gente está feliz aqui com o apoio da prefeitura de Salvador, Sebrae, apoiando o evento e entendendo que é importante discutir esse tema, a partir daí criar políticas públicas para isso, primeiro ponto. Segundo é investimento privado, porque sem investimento privado não existe setor público, então com o setor privado é muito importante e a gente tem visto um movimento muito forte fora do Brasil, empresas como a Netflix que já tem um case aqui, investiu 2% de seu orçamento em bancos negros. Imagina o orçamento do Netflix, que não é pequeno. Então as empresas estão se movimentando lá fora, e aqui no Brasil também está começando um movimento interessante e a gente quer trazer isso para a Bahia”, disse.
“Para as empresas baianas estarem na frente disso, as empresas baianas precisam mostrar exemplo porque aqui é um estado de maioria negra. E terceiro é a formação, as universidades precisam se preparar mais para o mercado, preparando o jovem para entrar no mercado. O crescimento acadêmico precisa estar muito forte para fomentar essa inovação ali dentro, se você olhar o MIT, Havard, Stanford, são universidades que estão muito conectadas com o mercado. O jovem cria uma solução, já sai, abre a startup e consegue investimento. Esse ciclo virtuoso é contra o nosso ciclo vicioso que é da exclusão, então precisa criar um ciclo virtuoso onde a inovação está presente para o jovem no dia a dia. O pessoal fala que a programação é o novo inglês, se você não sabe programação mínima, está fora do jogo”, acrescentou.
O Festival Afrofuturismo é promovido pela Vale do Dendê e Sebrae, transformando o Centro Histórico de Salvador em um ambiente acessível e inovador. Conhecidos pontos turísticos da cidade, a exemplo do Teatro Gregório de Mattos, Palacete Tira Chapéu, Largo Tereza Batista, além do novo Hub de Inovação do Centro Histórico – a Casa Vale do Dendê, serão transformados em instalações Afrofuturistas.
O Festival Afrofuturismo Ano IV – Por uma abolição econômica terá em sua programação talks, debates e palestras com convidados nacionais e internacionais das áreas de tecnologia, criação de conteúdo, jovens inovadores e empreendedores que discutirão assuntos relacionados ao protagonismo afrodescendente e sua contribuição para a economia criativa, plataformas digitais, universo das criptomoedas, entre outros temas.
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