Dólar fecha em queda com Fed aliviando pressão sobre juros nos EUA

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O cenário positivo no exterior nesta quarta-feira (23) com a expectativa de desaceleração no aumento da taxa de juros dos Estados Unidos amenizou em parte o pessimismo do mercado financeiro doméstico, que segue pressionado pelas preocupações com a transição de governo no Brasil.
No câmbio local, o dólar passou a cair ligeiramente apenas no final da tarde, quando a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) indicou que os membros da autoridade monetária do país avaliam que a taxa de juros poderá subir mais devagar nos próximos meses.
“Uma maioria substancial dos participantes julgou que uma desaceleração no ritmo de crescimento [da taxa de juros] seria apropriada em breve”, disse a ata.
O dólar comercial à vista fechou em queda de 0,18%, cotado a R$ 5,3690. No início do dia chegou a subir a R$ 5,4120. Diferentemente da volatilidade apresentada frente ao real, a moeda americana teve um dia de fraqueza contra praticamente todas as principais moedas internacionais e perdeu ainda mais terreno após a ata do Fed.
Sinais de que os juros podem perder fôlego nos EUA tiram parte da atratividade do Tesouro americano e investidores levam seus dólares para outros ativos e países, por isso a moeda americana cai em circunstâncias como essa. O índice DXY, que mede a força do dólar frente as principais divisas globais, caiu mais de 1% no fim desta quarta.
No início deste mês, o Fed subiu sua taxa de juros pela sexta vez em 2022, dentre esses elevações, a última foi a quarta seguida de 0,75 ponto percentual, um aumento considerado muito agressivo para os padrões do país. Isso levou a taxa para um patamar entre 3,75% e 4% ao ano.
Ao aumentar o custo do crédito, a autoridade monetária tenta conter uma inflação que, embora esteja perdendo força, ainda está em 7,7% ao ano. O efeito colateral dessa medida, porém, é um crescente risco de recessão e a falta de menções do Fed a isso trazia certo desconforto ao mercado.
“O que chamou atenção, como novidade, foram sinais mais ‘dovish’ [amenos quanto à intenção de subir juros], como o fato de terem afirmado, pela primeira vez, que esperam uma recessão nos EUA como cenário-base, bem como vários participantes usando risco de instabilidade financeira como uma das razões para diminuir o ritmo”, comentou Nicole Kretzmann, economista-chefe Upon Global Capital.
Ainda refletindo a pressão gerada na véspera pela contestação de urnas utilizadas na eleição pelo partido do presidente Jair Bolsonaro e a manutenção da indefinição nas negociações sobre a PEC da Transição, a Bolsa de Valores Brasileira permanecia na contramão dos mercados globais.
O Ibovespa terminou a sessão em queda de 0,18%, aos 108.841 pontos, melhorando um pouco no final do dia em relação à mínima de 107.901 registrada mais cedo. Enquanto o índice referência da Bolsa de Valores brasileira cedeu, o indicador parâmetro das ações americanas S&P 500 fechou com alta de 0,59%.
A taxa de juros DI (depósitos interbancários) para 2024, referência para o crédito de curto prazo, atingia a casa dos 14,58% ao ano nesta quarta, contra 14,38% da véspera. Esse indicador estava em 13,05% no fechamento do último dia 9, véspera do discurso em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom das suas críticas à regra do teto de gastos.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, observou que neste momento o mercado está particularmente atento ao debate entre membros da equipe de Lula sobre a inclusão na PEC da Transição de um texto que retira o teto de gastos da Constituição. Isso permitiria a revisão da regra de forma mais simples no futuro, por lei complementar.
“A credibilidade do instrumento de controle já era baixa, mesmo com uma barreira de esforço parlamentar constitucional, o que será amplamente devastado caso haja a possibilidade de revisão do teto apenas com maioria dos parlamentares”, comentou Sanchez.
A cotação do petróleo Brent, referência para os preços da Petrobras, caía 3,38%, a US$ 85,37 (R$ 460,34) nesta quarta. O valor da matéria-prima reagia a uma discussão na União Europeia sobre a imposição de um teto ao preço do petróleo da Rússia, entre US$ 65 e US$ 70, informou a Bloomberg.
Apesar da baixa no valor da matéria-prima, as ações preferenciais da Petrobras sustentavam alta de 0,60% na Bolsa de Valores do Brasil. No pregão anterior, os papéis fecharam em queda de 0,77%.
As ações da estatal petrolífera vêm reagindo a notícias de que Lula planeja uma ampla troca no primeiro e segundo escalões da companhia e que pelo menos parte dos elevados dividendos sendo pagos pela estatal a acionistas na onda da alta do petróleo sejam direcionados a investimentos.
A equipe de transição de Lula também quer suspender todos os procedimentos na esfera de óleo e gás, que estão no rol de responsabilidades da Petrobras, inclusive privatizações, como a do gasoduto Bolívia-Brasil.
Além disso, analistas do UBS BB cortaram a recomendação dos papéis para “venda”, de “compra” anteriormente, bem como ceifaram o preço-alvo das preferenciais de R$ 47 para R$ 22, em relatório divulgado no final da segunda-feira (21).
DÓLAR

compra/venda
Câmbio livre BC – R$ 5,3924 / R$ 5,393 **
Câmbio livre mercado – R$ 5,3670 / R$ 5,3690 *
Turismo – R$ 5,4600 / R$ 5,5890
(*) cotação média do mercado
(**) cotação do Banco Central
Variação do câmbio livre mercado
no dia: -0,18%
OURO BM&F
R$ 294,000
BOLSAS

B3 (Ibovespa)
Variação: -0.18%
Pontos: 108.841
Volume financeiro: R$ 23,660 bilhões
Maiores altas: Rede D’Or ON (3,57%), Marfrig ON (3,16%), Sulamerica UNT (2,95%)
Maiores baixas: CVC Brasil ON (-7,22%), Cielo ON (-6,82%), Americanas ON (-5,36%)
S&P 500 (Nova York): 0,59%
Dow Jones (Nova York): 0,28%
Nasdaq (Nova York): 0,99%
CAC 40 (Paris): 0,32%
Dax 30 (Frankfurt): 0,04%
Financial 100 (Londres): 0,17%
Nikkei 225 (Tóquio): 0,61%
Hang Seng (Hong Kong): 0,57%
Shanghai Composite (Xangai): 0,26%
CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,11%
Merval (Buenos Aires): 0,25%
IPC (México): 0,49%
ÍNDICES DE INFLAÇÃO

IPCA/IBGE
Outubro 2021: 1,25%
Novembro 2021: 0,95%
Dezembro 2021: 0,73%
Janeiro 2022: 0,54%
Fevereiro 2022: 1,01
Março 2022: 1,62%
Abril 2022: 1,06%
Maio 2022: 0,47%
Junho 2022: 0,67%
Julho 2022: -0,68%
Agosto 2022: -0,36%
Setembro 2022: -0,29%
Outubro 2022: 0,59%
INPC/IBGE
Outubro 2021: 1,16%
Novembro 2021: 0,84%
Dezembro 2021: 0,73%
Janeiro 2022: 0,67%
Fevereiro 2022: 1,00%
Março 2022: 1,71%
Abril 2022: 1,04%
Maio 2022: 0,45%
Junho 2022: 0,62%
Julho 2022: -0,60%
Agosto 2022: -0,31%
Setembro 2022: -0,32
Outubro 2022: 0,47%
IPC/Fipe
Outubro 2021: 1,00%
Novembro 2021: 0,72%
Dezembro 2021: 0,57%
Janeiro 2022: 0,74%
Fevereiro 2022: 0,90%
Março 2022: 1,28%
Abril 2022: 1,62%
Maio 2022: 0,42%
Junho 2022: 0,28
Julho 2022: 0,16%
Agosto 2022: 0,12%
Setembro 2022: 0,12%
Outubro 2022: 0,45%
IGP-M/FGV
Outubro 2021: 0,64%
Novembro 2021: 0,02%
Dezembro 2021: 0,87%
Janeiro 2022: 1,82%
Fevereiro 2022: 1,83%
Março 2022: 1,74%
Abril 2022: 1,41%
Maio 2022: 0,52%
Junho 2022: 0,59%
Julho 2022: 0,21%
Agosto 2022: -0,70%
Setembro 2022: -0,95%
Outubro 2022: -0,97%
IGP-DI/FGV
Outubro 2021: 1,60%
Novembro 2021: -0,58%
Dezembro 2021: 1,25%
Janeiro 2022: 2,01%
Fevereiro 2022: 1,50%
Março 2022: 2,37%
Abril 2022: 0,41%
Maio 2022: 0,69%
Junho 2022: 0,62%
Julho 2022: -0,38%
Agosto 2022: -0,55%
Setembro 2022: -1,22%
Outubro 2022: -0,62%
SALÁRIO MÍNIMO
Janeiro 2022: R$ 1.212

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