Antes de se tornar o maior festival de cultura negra do mundo, o Afropunk surgiu, em meados dos anos 90 em Nova York como um movimento cultural de resistência à ausência de representatividade nos eventos musicais. Agora, já consolidado pelo mundo, desembarca em Salvador para celebrar a identidade da capital mais negra fora do continente africano, em sua primeira edição completa na América Latina.
Gostinho de novidade que a festa no formato híbrido, ocorrida na capital baiana, no ano passado, não foi capaz de saciar o público, por causa das adaptações impostas pela pandemia da covid-19. Desta vez, a edição completa contará com o espaço do Parque de Exposições como sede, sábado (26) e domingo (27), apresentações de mais de 30 artistas negros, nacionais e internacionais e mais de 20 horas de música.
Ludmilla, Emicida, Liniker, Larissa Luz, Nelson Rufino, Baco Exu do Blues, Margareth Menezes, Psirico, Àttooxxá e Banda Didá, são alguns nomes que agitarão as duas noites, além das atrações internacionais Dawer x Damper e Masego. Eles estarão divididos em dois palcos cheios de referências ao Yorubá e ao Quimbundo – grupos étnicos da África Ocidental e noroeste de Angola, respectivamente. “Com isso, queremos preservar a nossa cultura e torná-la representativa entre nós e por nós”, conta a diretora de produção do festival, Ana Cristina Santa Rosa.
Para isso, o palco batizado de Agô simbolizará um pedido de licença para abrir novos caminhos, trazendo para o espaço nomes recentes da música. Nele, projeções inspiradas em elementos gráficos presentes nas vestes e pinturas características do continente africano, completarão o cenário. Já o palco Gira dará lugar a um encontro de gerações, do samba ao afropop, unindo-os em uma mesma ‘gira’, com projeções de releituras contemporâneas de templos africanos ao fundo.
Dando vida ao conceito, a cantora Margareth Menezes levará para o espaço do Gira, no sábado, um repertório novo, chamado de Elevante, e promoverá um encontro entre ela e a Banda Didá, grupo percussivo feminino da Bahia. “É pra lavar a alma, retomar a nossa animação, botar pra cima e celebrar a força, a luta e a alegria de estarmos aqui”, resume Margareth sobre a tônica do show. “É uma oportunidade maravilhosa de mostrar o meu som Afropop nesse ambiente que eu defendo desde 1992”, completa.
No domingo, o encontro de gerações ficará por conta dos cantores Nelson Rufino, Mart’nália e Larissa Luz, misturando samba, pop, raggae e hip hop. “É uma honra levar o samba para essa mistura e estar ao lado de duas mulheres que enriquecem a cultura negra. Também é um presente para os meus 80 anos. Neste momento, meu nome é ‘obrigada Deus’, celebra o sambista.
Para Fagner Neves, arquiteto responsável pela criação de design e estrutura dos palcos, essa é uma maneira de voltar atrás para buscar o que foi imposto ao esquecimento pela colonização. “Assim como o ideograma Sankofa [conceito de povos africanos da língua Okan, sobre resgate], estamos olhando para o passado para transformar o presente e prever um futuro próximo em que o povo negro possa, além de celebrar sua identidade, ser protagonista de novas histórias”, afirma ele.
Pensando em promover um protagonismo pleno, a organização do festival não deixou de fora a inclusão, nem a acessibilidade. Num telão entre os dois palcos, haverá intérpretes de libras. Pessoas transexuais e pessoas com deficiência (PCDs), também podem adquirir os ingressos para os shows com desconto [confira abaixo].
Gastronomia
Além da cultura negra para deleite dos olhos e ouvidos, o paladar do público também será presenteado com sabores ancestrais. Em uma parceria com quatro chefes de cozinhas baianas, o Afropunk apresentará o AjeumPunk – Colab de Boca, um cardápio desenvolvido exclusivamente para o festival, com representatividade regional e especiarias nativas, que completam a celebração das raízes africanas.
Ao lado dos chefes Ronaldo Assis, Jorge Washington e Matheus Almeida, a chefe soteropolitana do bairro do Curuzu, Paloma Zahir, estará no lounge do festival, onde ficará o stand da parceria gastronômica, vendendo o prato Dengo de kissanga. Um bolinho crocante à base de mandioca, recheado com mocotó e carnes defumadas, servido com um apimentado e aromático molho lambão. “Ele foi escolhido com o intuito de conectar as pessoas com suas memórias afetivas com relação à comida”, explica a autora do quitute.
Tendo a mãe, quando criança, como fonte de inspiração, Paloma encontrava na cozinha uma forma de ajudá-la com as encomendas, agora, vive o próprio sonho e sente-se feliz de poder dividi-lo com outras pessoas através do alimento. “É uma grande realização e reconhecimento profissional para mim, uma mulher preta, cria da periferia, que está em constante movimento para fomentar o legado ancestral através da comida, ser convidada para participar do maior evento de cultura negra do mundo”, conta a chefe.
Afropunk na Bahia
Apesar de estar se concretizando como pede o movimento, apenas este ano, a proximidade do festival com a Bahia não é de hoje. As primeiras pistas do desejo de vir para cá, foram dadas no Carnaval de 2020, quando o Afropunk transformou o trio Navio Pirata do BaianaSystem, em um trio comandado por eles, ao lado de Mano Brown, Afrocidade, Ilê Aiyê, entre outros.
Naquele mesmo ano, o festival completou 15 anos e estrearia seu primeiro show na América Latina, entre 28 e 29 de novembro, também na capital baiana. Com a pandemia, foi preciso se adaptar e, para isso, foi criada uma versão digital. Batizada de Planet Afropunk, conectou virtualmente, pessoas do Brasil, Estados Unidos e França, para assistir a apresentação de diversos artistas negros.
No ano passado, num primeiro arrefecimento do coronavírus, o Afropunk Bahia estreou numa versão para cerca de 3 mil pessoas no Centro de Convenções. Mas o formato híbrido, com feats entre cantoras como Luedji Luna, Margareth Menezes e Tássia Reis ainda não era o esperado. O momento chega,finalmente, neste final, com abertura de portões às 18h e encerramento às 5h do dia seguinte. Quem não for ao evento vai poder conferir um compacto com os melhores momentos da festa na TV Globo, ou no canal Multishow, ao vivo.
PROGRAMAÇÃO
Sábado (26)
18h- DJ Tamy (Palco Agô)
19h05- Black Pantera (Palco Gira)
19h55- Baile Favellê (Palco Agô)
20h25- Margareth Menezes + Banda Didá (Palco Gira)
21h25- Performance Radiante (Palco Agô)
21h45- Liniker (Palco Gira)
22h45- Nic Dias (Palco Agô)
23h15- Masego (Palco Gira)
00h20- Yan Cloud (Palco Agô)
00h50- Emicida (Palco Gira)
02h05- Paulilo Paredão (Palco Agô)
02h30- Psirico (Palco Gira)
03h45- Paulilo Paredão- After Pagodão (Palco Agô)
Domingo (27)
19h05- Martnália + Larissa Luz + Nelson Rufino (Palco Gira)
(Palco Gira)
20h05- Young Piva (Palco Agô)
20h35- Dawer x Damper (Palco Gira)
21h35- Performance Radiante (Palco Agô)
21h55- Baco Exu do Blues (Palco Gira)
23h- N.I.N.A (Palco Agô)
23h35- Ludmilla (Palco Gira)
00H40- Rayssa Dias (Palco Agô)
01h10- ÀtooxxÁ & Karol Conká (Palco Gira)
02H15- Ministereo Público (Palco Agô)
INGRESSOS
Arena
Meia entrada 3° lote: R$ 90 + R$ 9 da taxa
Meia entrada social 3° lote: R$ 100 + R$ 10 da taxa
Inteira 3° lote: R$ 180 + R$ 18 da taxa
Assinantes Clube Correio: R$ 99 + R$ 9,90 da taxa
Lounge
Meia entrada 3° lote: R$ 225 + R$ 22,50 da taxa
Meia entrada social 3° lote: R$ 235 + R$ 23,50 da taxa
Inteira 3° lote: R$ 450 + R$ 45 da taxa
PODE
Carregador portátil
Carteira de cigarro lacrada (1 carteira por pessoa)
Ingresso físico ou digital
Remédios na embalagem original lacrada, com receita médica e havendo necessidade (pode passar por vistoria)
Álcool em gel de bolso
Comprovante de vacinação
Máscara cirúrgica ou PFF2
Mochila, bolsa, ecobag e pochete
Preservativo (se for rolar aquele after)
Câmera portátil e analógica (saboneteira, instax ou polaroid)
Óculos escuros
Documentos pessoais
Capa de chuva
Protetor labial
Barras de cereal ou de chocolate lacradas (até 3 unidades por pessoa)
Fruta para uso próprio (até 2 unidades por pessoa)
Boné, chapéu e toucas
Canga
NÃO PODE
Capacetes
Animais (exceto cães-guia)
Itens inflamáveis (spray, desodorantes, produtos de cabelos, perfumes, etc)
Armas de fogo ou armas brancas de qualquer tipo (faca, canivetes)
Cadeiras e bancos
Objetos cortantes e pontiagudos (tesouro, estilete, pinça, facas, garfos, canivetes, cortadores de unha, alicates, etc)
Bastão de selfie
Utensílios para armazenagem (isopor, cooler, etc)
Fogos de artíficio, dispositivos explosivos, sinalizadores e aparatos incendiários de qualquer espécie
Máquina fotográfica semiprofissional e profissional
Bandeiras e faixas com mastro
Buzinas de ar
Drones
Bicicleta, skate e qualquer outro tipo de veículo, motorizado ou não
Latas de refrigerante, sucos, cerveja, etc
Instrumentos musicais
Garrafas de qualquer gênero, tamanho ou material
Substâncias venenosas e/ou tóxicas, incluindo drogas ilícitas
Copos ou qualquer outro tipo de embalagem de vidro
*Com orientação da subeditora Doris Miranda
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