Clima de revanche: Argentina e Holanda buscam vaga na semi da Copa

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De um lado, o sonho de um título inédito para um país que já bateu na trave três vezes. Do outro, um exército que faz de tudo dentro de campo para dar ao seu camisa 10 um título que o colocaria, para muitos argentinos, no posto de melhor jogador de futebol da história. Holanda e Argentina têm seus motivos para jogarem as quartas de final nesta sexta-feira (9), às 16h, como se fosse uma final antecipada. Até porque se depender da rivalidade criada pelos dois países ao longo da história dos Mundiais, qualquer jogo entre eles terá um grande peso.

Esse será o quinto encontro entre os laranjas e alvicelestes em Copas do Mundo. Já definiram título no Mundial em 1978 e semifinal em 2014 nos pênaltis, ambas com vantagem para a Argentina. E isso deve dar um toque de revanche para o lado holandês. Mas olhando o confronto geral, pesa mais para o lado europeu. Em Copas são duas vitórias holandesas, dois empates e uma vitória para os hermanos. No geral, são nove jogos com quatro vitórias da Holanda e apenas uma da Argentina, além de quatro empates.

Dessa vez, o encontro no Catar foi construído por trajetórias um pouco parecidas no desempenho dentro de campo e nas estatísticas. Enquanto a Argentina chegou ao Catar com a possibilidade de bater o recorde de uma seleção invicta na história, com 36 partidas, hoje quem sustenta o posto são os holandeses. Desde que o técnico Louis Van Gaal retornou ao comando da equipe, em 2021, já são 19 jogos sem perder. E os laranjas querem aumentar a contagem.

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Argentina e Holanda na final da Copa do Mundo de 1978 (Foto: Reprodução/Twitter)

Apesar da sequência invicta desde antes da Copa, ao contrário da Argentina que perdeu sua marca na estreia contra a Arábia Saudita, a Holanda não vem demonstrando um futebol empolgante, com partidas burocráticas e amarradas, dependendo sempre de um desequilíbrio individual. 

Em três dos quatro jogos no Mundial, esse respiro saiu dos pés do jovem atacante Cody Gakpo, que atua no PSV, time holandês. Aos 23 anos, o camisa 8 é o artilheiro da seleção com três gols, todos eles marcados na primeira fase e que foram fundamentais para a classificação. Na estreia, gol aos 39 minutos do segundo tempo para abrir o placar contra Senegal. No segundo jogo, salvou a Holanda de uma derrota contra o Equador. Na última rodada, partida mais tranquila contra o Catar, mas o jogo passou muito pelos pés de Gakpo, que marcou o gol que iniciou a contagem do placar.

Já a força do lado argentino dispensa apresentação. O que vale ressaltar é que Lionel Messi vem fazendo sua melhor Copa do Mundo da carreira. Aos 35 anos, em seu quinto Mundial e depois de ser vice em 2014, Messi parece ter se encontrado como nunca vestindo a camisa do seu país. Fruto do título da Copa América conquistado em 2021, em cima do Brasil, que tirou o peso de nunca ter levantado uma taça para a Argentina (exceto em Olimpíada, que é torneio sub-23), mas também pelos outros 25 nomes que foram ao Catar com a seleção. 

Como jogam

A equipe comandada pelo técnico xará Lionel Scaloni precisou se reinventar dentro da Copa do Mundo para garantir a passagem de fase e contou com ótimas atuações de Messi, principalmente contra a Polônia, no terceiro jogo, e diante da Austrália nas oitavas. Fora o gol marcado diante do México na segunda rodada.

Enquanto isso, os outros dez em campo – sim, incluindo o goleiro – mostram-se continuamente preocupados em achar o seu capitão e camisa 10 em campo. Seja pressionando os adversários com muita intensidade no setor ofensivo para roubar a bola e acionar Messi rapidamente ou esperando para que o craque busque a bola e arme as jogadas desde o campo de defesa quando a Argentina tem a posse. Fato é que o jogo da seleção passa por Lionel Messi. E dificilmente terá sucesso se não passar.

Para se precaver, Van Gaal deve repetir a formação que colocou em campo nas oitavas, contra os Estados Unidos. Sem a bola, a Holanda monta uma linha com cinco defensores, contando com a ajuda do meia Klaassen, e buscará dar pouco espaço para Lionel Messi, Di María e Julián Álvarez, que devem formar o trio ofensivo. Quando a Holanda tem a bola, o esquema favorece os laterais Dumfries e Blind, que vão o tempo todo ao ataque e podem levar perigo nas finalizações. Tanto que diante dos EUA Dumfries deu assistência para Blind e o presente foi retribuído, para Dumfries fechar o placar em 3×1.

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Julian Álvarez e Dumfries são outros destaques individuais das seleções (Foto: Divulgação/Fifa/Twitter)

Para quebrar a defesa holandesa, a Argentina dependerá da velocidade na troca de passes no meio, com De Paul, Enzo Fernández e Mac Allister, para achar o trio de ataque com espaço para jogadas individuais, que são suas especialidades.

No gol, vale destacar o interessante duelo entre Emiliano Martínez e Andries Noppert. Os goleiros se destacaram “mais velhos” no futebol e disputam a primeira Copa deles, mesmo com 30 e 28 anos, respectivamente. Até aqui, demonstraram segurança.

Reencontro e provocação

A provável escalação de Ángel Di María no time titular da Argentina coloca o atacante da Juventus novamente na frente do seu ex-técnico e desafeto declarado. Há um ano, Di María declarou em entrevista ao TyC Sports que Van Gaal foi o pior técnico que já teve na carreira, na época em que atuou no Manchester United, da Inglaterra. 

O assunto voltou à tona durante a Copa, com o duelo entre Argentina e Holanda, e na coletiva de véspera do jogo o treinador holandês lembrou que, na época, o argentino levava “problemas pessoais para dentro de campo”. “Que ele tenha dito que sou o pior treinador, bom… é triste. Ele é um dos poucos jogadores que falaram isso. Mas podemos dar a volta por cima. É uma lástima. Mas assim são as coisas. O treinador às vezes tem que tomar decisões”, concluiu Van Gaal.

Seja pelas tretas ou pela sede de revanche, certo é que Holanda e Argentina devem protagonizar um dos melhores jogos desta Copa do Mundo, pelo menos no papel. Afinal, vale vaga na semifinal.

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Ángel Di María e Van Gaal no United, em 2014 (Foto: Reprodução/Twitter)

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