Agora é oficial, a baiana Margareth Menezes é a nova ministra da Cultura do Brasil. E junto com a oficialização de seu nome, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, em Brasília, o primeiro grupo de mulheres que vão ocupar cargos de chefia em seu governo. Além de Margareth, foram nomeadas Anielle Franco, no Ministério da Igualdade Racial; Cida Gonçalves, no da Mulher; Esther Dweck, no de Gestão e Inovação; Luciana Santos, Ciência e Tecnologia, e Nísia Trindade, no da Saúde.
Foram nomeados, ainda, Alexandre Padilha, Relações Institucionais; Márcio Macêdo, Secretaria-Geral da Presidência; Jorge Messias, Advocacia-Geral da União; Vinicius Carvalho, Controladoria-Geral da União; Wellington Dias, Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome; Camilo Santana, Educação; Márcio França, Portos e Aeroportos; Luiz Marinho, Trabalho e Emprego; Silvio Almeida, Direitos Humanos; e Geraldo Alckmin, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Alckmin vai acumular as atividades no ministério com a vice-presidência. Os anúncios de ontem também incluem três pessoas ligadas ao movimento negro: Margareth, Anielle e Silvio Almeida.
O grupo dos 16 se soma aos primeiros ministros confirmados por Lula no último dia 9: Fernando Haddad, Fazenda; Rui Costa, Casa Civil; Flávio Dino, Justiça e Segurança Pública; José Múcio Monteiro, Defesa; e Mauro Vieira, Relações Exteriores. Assim, 21 ministros já são conhecidos. O desenho do novo governo prevê um total de 37 pastas. “É mais difícil montar um governo do que ganhar as eleições”, disse, na cerimônia de ontem, o presidente eleito.
O perfil dos nomes mostra que Lula escolheu, até agora, somente aliados do PT e de partidos com quem tem mais afinidade política, sem conseguir superar entraves e disputas para abrigar indicados por alas do MDB, do PSD e do União Brasil, partido que integra o Centrão.
A equipe de Lula soma sete nomes ligados ao PT, e a cota petista ainda deve aumentar para ao menos dez pastas. O que tem elevado o tom de críticas ao futuro governo, que vem sendo cobrado por maior diversidade – com indicação de mais mulheres – e partidariamente mais amplo, uma vez que o próprio Lula defendeu na campanha que seu nome representava um palanque ampliado de forças em defesa da democracia.
Até o momento, as ausências mais sentidas são justamente a de duas mulheres: Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede).
Saúde
Nísia Trindade será a primeira mulher a chefiar o Ministério da Saúde. Doutora em sociologia pela UERJ, é presidente do da Fiocruz, entidade da qual é presidente desde 2018. Ela participou da construção do Plano de Ação Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi membro grupo consultivo da OMS para implementação da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Esther Dweck, que assume a pasta de Gestão, ocupou um papel estratégico na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Ela é professora do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado em economia da indústria e da tecnologia.
Luciana Santos, indicada para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, é a atual vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB. Já foi deputada estadual, deputada federal e prefeita de Olinda em dois mandatos.
Especialista em gênero e violência contra a mulher, Cida Gonçalves, futura gestora da pasta das Mulheres, já foi secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres em governos anteriores de Lula e Dilma Roussef. Nos últimos anos trabalhava como consultora em políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica.
O ministério da Igualdade Racial será comandado por Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco. Foi uma dos quatro brasileiros selecionados, no ano passado, para o programa de fortalecimento de lideranças globais, o Ford Global Fellow, da Fundação Ford.
Margareth Menezes é cantora com 35 anos de carreira e é uma das maiores referências da Axé Music. Ganhou experiência de gestão na ONG Fábrica Cultural, desenvolvendo projeto de formação de jovens no campo da arte, educação e cultura.
Lula leva opções de pastas para Simone Tebet
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontra hoje com a senadora Simone Tebet (MDB-MS). A conversa visa acertar o ministério que a parlamentar deve assumir no novo governo. Segundo reportagem do blog da jornalista Ana Flor, do g1, Lula deve oferecer a Simone duas opções: o Ministério do Meio Ambiente ou o do Planejamento (pasta que foi desmembrada do atual Ministério da Economia). A senadora foi adversária do petista no primeiro turno das eleições de outubro, e também uma das mais engajadas apoiadoras do petista no segundo.
Ainda segundo as informações do g1, a senadora resiste ao Meio Ambiente (MMA), pelo fato de ser muito ligada à deputada eleita Marina Silva (Rede-SP). Caso Marina aceite assumir o cargo de Autoridade do Clima, a ser criado por Lula, o caminho se torna mais fácil. Marina, no entanto, já afirmou que não deseja o cargo.
O ministério do Planejamento é visto pelo entorno de Simone Tebet como “muito interessante”. Fontes ouvidas pela reportagem lembram que Tebet reuniu economistas em seu entorno durante as eleições e eles enxergam como promissora a possibilidade de a senadora poder participar da formulação do atual debate econômico no país.
Tebet ficou em terceiro na eleição presidencial e apoiou Lula no segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). A senadora atuou na transição no grupo de desenvolvimento social e tinha expectativa de assumir a pasta que comanda o programa do Bolsa Família. Lula, contudo, optou por deixar o ministério com o PT e escolheu o senador eleito e ex-governador do Piauí.
Nos últimos dias, foi oferecido a emedebista o Ministério da Agricultura, mas ela recusou a oferta.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, o PT insiste que a senadora fique com o Meio Ambiente. Mas os petistas admitem a dificuldade em fazer Marina Silva aceitar o cargo de autoridade climática, mesmo com status de ministério.
Nas últimas horas, teria surgido ainda possibilidade de alocar a senadora no Ministério das Cidades, uma das pastas com maior dotação orçamentária da Esplanada. O cargo, porém, é cobiçado pelo Centrão.
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