Tio da manicure e depiladora Greice Quelly, 26 anos, morta a tiros dentro de um mercado na Avenida ACM, Ciro Rocha afirmou que a família da jovem perdoa o ex-marido dela, que foi preso em flagrante pelo crime. Os dois tiveram um relacionamento conturbado de cerca de seis anos. Ontem, o policial militar, que não teve nome divulgado, invadiu o salão onde Greice trabalhava, dentro do Big Bompreço, e atirou pelo menos oito vezes nela. A jovem morreu no local.
“Conhecimento a gente tinha (de que a sobrinha era agredida), porque quando ela chegou ferida, com a facada que ele deu na perna dela, cortou o braço dela, saiu do trabalho… Ela escondia da mãe, mas comigo ela conversava. Eu dizia: ‘Larga, é melhor, não deu certo’. Ele era ciumento”, afirmou Ciro, em entrevista à TV Bahia.
Ciro afirmou que espera que o PM se arrependa. “Não quero julgar ele porque é ser humano, está sujeito a falha. Está perdoado por mim, por minha família, diante de Deus espero que se arrependa. Não quero nada de mal que venha acontecer a ele. Ser humano está sujeito a falhas. O inimigo se aproveitou dele. Ele está perdoado”, reafirmou. ” Não posso ficar com ódio de um cara desse. Tenho que amar ele, como Deus ama a todos. O que ele fez, ele sabe que as consequências Deus não livra o homem”, acrescentou o tio.
Segundo Ciro, mesmo com o relacionamento agressivo entre o PM e a sobrinha, o crime surpreendeu. “Ele não demonstrava ser um cara violento. Frequentou até minha casa. A gente toma um susto, ninguém está esperando isso”, disse.
Uma tia de Greice, Simone, afirmou que a jovem tentava esconder os episódios de violência da maioria da família, mas todos sabiam o que se tratava de um relacionamento abusivo. “Brigas, idas vindas. Ela tentava se sair dele, mas ele insistia, pedia desculpa. Ela, por conta das ameaças, voltava. Ela não falava (das agressões), quando a gente perguntava o que aconteceu, ela dizia que tomou pancada, nunca falava”, disse ela, também à TV Bahia.
Segundo a tia, apesar dos conselhos para que ela terminasse de vez a relação, Greice temia. “A gente conversa com ela. Mas ela ficava com medo. Polícia… Ameaça. Ele falava ‘me desculpa’, ela voltava. Ela ficava com medo, proque ele sabia onde a mãe morava, a família. Ameaçava (a família também)”, acrescentou.
O corpo de Greice será sepultado na manhã deste sábado, na Quinta dos Lázaros.
Crime
Um policial militar matou a ex-mulher a tiros por volta das 14h desta quinta-feira (22) em um salão de beleza dentro do Big Bompreço da Avenida ACM, em Salvador. Greice Quelly Rocha Soares, 26 anos, foi baleada oito vezes.
Segundo testemunhas, Greice trabalhava no local como depiladora. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e prestou atendimento à vítima, mas ela teve a morte confirmada no local após meia hora. A loja foi fechada após o crime.
Segundo amigos e familiares, os dois tinham um relacionamento bastante conturbado e Greice chegou a ser atacada a faca pelo policial recentemente, mas contou aos conhecidos que o ferimento no braço havia sido causado por uma queda de vidro. Uma amiga de Greice conta que ela estava “tentando se separar”, mas o PM não aceitava o fim do relacionamento.
Essa amiga afirma também que a depiladora estava no atual trabalho havia menos de um mês, depois de deixar o emprego antigo justamente porque o policial ia várias vezes no local atrás dela. “Ela sempre falava de várias brigas. E ele já tinha vindo em outros trabalhos dela, o último trabalho que ela saiu foi por causa dele”, diz a amiga, que se identificou como Carol. “Ela mesma falava que ia se separar dele.” Os dois chegaram a morar juntos, mas atualmente estavam vivendo separados, justamente por conta dos conflitos.
Greice deixou dois filhos pequenos, que são frutos de relacionamentos anteriores e moram com os pais.
O acusado, que não teve o nome divulgado, é lotado na 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Tancredo Neves). “O policial chegou aí procurando a vítima, que é esposa dele, companheira. Localizou ela dentro do estabelecimento e ao localizar desferiu os disparos”, diz o major Luciano Jorge, comandante da 23ª CIPM. “Agora ele vai responder na Justiça pelo crime de feminicídio.”
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