Controle do espaço aéreo sobre terra Yanomami está mais rígido a partir desta quarta

Publicado:


Objetivo da ação do governo federal é combater o garimpo ilegal no território; FAB atua no monitoramento com aeronaves e radar

MICHAEL DANTAS / AFP

Vista aérea do rio Mucajaí, na terra indígena Yanomami, estado de Roraima

Vista aérea do rio Mucajaí, na terra indígena Yanomami, estado de Roraima

A Força Aérea Brasileira (FAB) ativou a chamada Zona de Identificação de Defesa Aérea no Estado de Roraima após um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As aeronaves Radar 1.99 e 9.99 já estão na região e o alerta de defesa aérea de Boa Vista foi reforçado. Segundo a FAB “a medida tem por finalidade incrementar a capacidade de defesa aérea em uma área que compreende a terra indígena Yanomami e adjacências, contribuindo para o combate ao garimpo ilegal em Roraima. As aeronaves que descumprirem as regras estabelecidas (…) estarão às medidas de policiamento do espaço aéreo”. A zona é dividida em três áreas: área reservada, onde são permitidos voos autorizados, sob orientação dos órgãos de tráfego aéreo; área restrita, onde serão liberadas aeronaves com plano de voo e monitoramento em contanto constante com controladores; e a área proibida, onde somente as aeronaves militares envolvidas na operação Escudo Yanomami 2023 serão autorizadas. “A FAB planeja ainda a instalação de um radar modelo TPS-B34, que pode ser aerotransportado de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de aumentar a capacidade de defesa aérea, reforçando assim, o poder detecção e controle”, diz o comunicado militar.

“O Ministério da Defesa atuará no fornecimento de dados de inteligência e no transporte aéreo logístico das equipes da Polícia Federal, do Ibama e dos demais órgãos (…) que participarão diretamente da neutralização de aeronaves e de equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território Yanomami”, continua a nota militar. O ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas vão a Roraima na próxima semana para verificar o andamento das operações no território indígena.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também deve acompanhar a comitiva e propor ao presidente Lula medidas que punam empresas que se beneficiam de garimpo ilegal em áreas indígenas. “A gente está vendo agora uma mistura de ação criminosa com omissão criminosa e que resultam, inevitavelmente, na morte das pessoas”, declarou Almeida. Ele ainda disse não descartar a possibilidade de incluir lideranças Yanomami em programas de proteção em parceria com o Ministério da Justiça: “Aqui nós temos um caso de fragilização dos Direitos Humanos. Tem um problema acontecendo aqui. Então o Ministério tem que ir lá e relatar às autoridades. Tem lideranças indígenas ameaçadas ali. A quem nos últimos anos foi retirada e negada a proteção. Temos que fazer alguma coisa, retomar esse programa. Por isso as pessoas morreram. Só que tudo isso tem que ser feito a partir de um diagnóstico que leve em consideração a questão emergencial e mostre como a gente faz para que isso não ocorra novamente”.

Para Silvio Almeia, é hora do Supremo Tribunal Federal concluir o julgamento sobre o Marco Temporal das Terras Indígenas. A ação define que os povos indígenas só possam reivindicar uma terra caso estivessem nela quando a Constituição de 1988 foi promulgada. Ele defende não só que o Marco Temporal seja extinto, mas também acelerar a demarcação de novas reservas.

*Com informações do repórter Paulo Edson Fiore

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Perícia aponta que metanol foi adicionado em garrafas

Nos últimos dez dias, mais de 20 mil garrafas de bebidas alcoólicas foram apreendidas em São Paulo. Durante as operações, 11 bares e...

Teto de restaurante desaba em São Paulo e deixa seis feridos

Um desabamento no restaurante Jamile, localizado na Rua 13 de Maio, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, deixou seis pessoas feridas...

50 animais com sinais de maus-tratos são resgatados em canil clandestino no Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro fez um resgate significativo nesta terça-feira, 7 de outubro, ao acolher 50 animais que eram vítimas...