Rita Lee: entenda por que remissão de câncer é diferente de cura

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A cantora Rita Lee, 75 anos, foi internada em São Paulo, no Hospital Albert Einstein, na sexta-feira (24). Em post no Instagram, o músico Roberto de Carvalho, marido de Rita, afirmou que, para “qualquer pessoa que passou ou passa por tratamento oncológico, internações para exames e avaliações podem ser necessárias”.

A artista foi diagnosticada em 2021 com câncer de pulmão e passou por imunoterapia e radioterapia; em abril de 2022, familiares anunciaram que ela estava curada. Até a noite de sexta (24), o hospital não havia divulgado boletim com informações detalhadas sobre o atual estado de saúde de Rita.

De maneira geral, os oncologistas evitam usar a palavra “cura”, especialmente se o acompanhamento do paciente ainda não atingiu um tempo determinado.

O termo mais usado pelos especialistas é “remissão”, ou seja, quando não se detectam mais células cancerígenas em exames de imagem e laboratoriais. Não é possível, porém, garantir que o câncer sumiu e não irá voltar.

“Muitas vezes, há confusão em torno dos termos ‘remissão’ e ‘cura’. Para complicar ainda mais a questão, a remissão pode ser parcial ou completa. O termo indica que o câncer está melhorando de forma mensurável, resultando em uma diminuição da extensão da carga da doença”, explica a oncologista Adriana Barrichello, especialista em câncer de pulmão do Hospital Sírio Libanês.

Segundo ela, um câncer em remissão indica que os tumores estão diminuindo ou desaparecendo. Nesse contexto, os sintomas podem melhorar ou sumir, ou há melhorias em aspectos particulares do exame de sangue, sugerindo resposta.

Adriana ensina que a remissão parcial acontece quando o câncer está respondendo ao tratamento, mas ainda não desapareceu. Já na versão completa, não há evidência do tumor observável em qualquer método de teste disponível. O termo só é usado depois que todo o tratamento planejado pelo oncologista é concluído.

“Remissão completa não é o mesmo que cura. Ela indica que não há evidência de doença detectável em um determinado momento. Isso implica que ainda existe um risco de recorrência. A cura, por outro lado, mostra que o tumor foi erradicado e que, essencialmente, não há chance de retornar no paciente”, conta a médica.

Ao Metrópoles, o oncologista Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro), explica que o termo “cura” é usado com mais frequência em cânceres identificados precocemente, quando o tratamento normalmente é a cirurgia para a retirada completa do tumor. De maneira geral, o médico afirma que é necessário acompanhar o paciente por pelo menos cinco anos antes de falar em cura.

“O intervalo depende muito da doença, do perfil biológico e do estadiamento. Então, quando o câncer foi tratado e não voltou em três anos, a chance de o paciente estar curado é muito alta, mas o acompanhamento é feito por cinco anos”, afirma o especialista.

Ele acrescenta que a remissão é um resultado positivo e que, atualmente, a tendência é tratar o câncer como um doença crônica, passível de ser controlada. De acordo com ele, o tratamento pode levar até cânceres em metástase a reincidir.

O câncer de Rita foi identificado em um exame de rotina, em estágio inicial. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 85% dos casos diagnosticados estão relacionados ao consumo de derivados de tabaco.

Os sintomas só costumam aparecer nos casos mais avançados, mas alguns pacientes podem apresentar sinais do câncer nos primeiros estágios do tumor. Os mais comuns são:

  • Tosse persistente (nos fumantes, o ritmo habitual é alterado, e aparecem crises em horários incomuns);
  • Escarro com sangue;
  • Dores no tórax (pioram ao tossir ou ao respirar fundo);
  • Rouquidão;
  • Piora da falta de ar;
  • Perda de peso e de apetite;
  • Pneumonia recorrente ou bronquite;
  • Fadiga, sentir-se cansado ou fraco.

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