Igreja Católica de Portugal pede perdão após relatório sobre abusos de religiosos

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Documento revelou que clero português teria abusado de 4.815 menores de idade desde 1950

PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

igreja católica de portugal

Bispos da cidade-santuário de Fátima concederam entrevista coletiva nesta sexta para falar sobre o escândalo

A Igreja Católica de Portugal pediu perdão, nesta sexta-feira, 3, pelas agressões sexuais cometidas por religiosos contra menores por meio século, expostas após a publicação de um relatório, embora tenha evitado adotar medidas fortes reivindicadas para punir os responsáveis. “É com dor que, novamente, pedimos perdão a todas as vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Portugal”, diz um comunicado dos bispos reunidos na cidade-santuário de Fátima. O pedido de perdão terá uma “expressão pública em abril”, em Fátima, e será erguido um monumento em homenagem às vítimas durante a próxima Jornada Mundial da Juventude, prevista para o começo de agosto em Lisboa, informou a Assembleia Extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Os bispos prometeram tomar “medidas concretas” depois que um relatório independente encomendado em 2021 revelou que membros do clero católico português haviam abusado sexualmente de 4.815 menores de idade desde 1950. Os abusos foram encobertos pela hierarquia eclesiástica de forma “sistêmica”, ressaltaram os especialistas em suas conclusões, após ouvirem mais de 500 testemunhas.

No comunicado, os bispos prometeram “tolerância zero para com todos os abusadores e para com aqueles que, de alguma forma, ocultaram os abusos praticados dentro da Igreja Católica”. “As feridas infligidas às vítimas são irreparáveis. Garantimos que, se o desejarem, terão o nosso […] acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico”, ao passo que “as dioceses assumem o firme compromisso de dar todas as ajudas necessárias para que isso aconteça”, indicam. O presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, destacou em coletiva de imprensa a necessidade de “mudar uma cultura na Igreja e na sociedade”. Apesar de prometer apoiar as vítimas que assim desejarem, o clérigo ressaltou que qualquer indenização teria que ser decidida pelos tribunais. Nesta sexta, os bispos decidiram criar um grupo independente para o acompanhamento dos casos, integrada por “pessoas que não pertencem à hierarquia da Igreja”, anunciou Ornelas.

Diante de milhares de casos de abusos sexuais revelados em todo o mundo e acusações de dissimulação por parte de membros do clero, o papa Francisco prometeu, em 2019, liderar uma “batalha completa” contra a pedofilia na Igreja. “Diante dos abusos, em especial os cometidos por membros da Igreja, não basta pedir perdão”, declarou o pontífice argentino em vídeo compartilhado nesta sexta no Twitter, no qual reivindicou “ações concretas”. Os autores do relatório sobre o clero português formularam várias recomendações aos dirigentes eclesiásticos, como criar uma comissão especial sobre o tema, considerar um “dever moral” denunciar os abusadores e eliminar os confessionários fechados, onde muitas vezes os abusos são cometidos.

*Com informações da AFP

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