Líderes que comandavam invasões de terra são presos acusados de tentar extorquir fazendeiros

Publicado:


Lideranças da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), José Rainha Júnior e Luciano de Lima também foram acusados de colocar em risco a vida de pessoas ao fazer uso de violência e disparos de arma de fogo

AGLIBERTO LIMA/ESTADÃO CONTEÚDO

Estadão Conteúdo

Rainha já foi líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Líderes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), José Rainha Júnior e Luciano de Lima, foram presos pela Polícia Civil de São Paulo na cidade de Mirante do Paranapanema, no sábado, 4. A dupla se tornou conhecida pela participação em movimentos sociais de luta por terra e reforma agrária. Os ativistas foram acusados de extorquir produtores rurais para que membros do movimento não invadissem fazendas. “As diligências foram decorrentes de mandados de prisão preventiva, pedidos e autorizados pela Justiça, de líderes de movimento de invasão de terras que exigiam vantagens financeiras de, pelo menos, seis vítimas”, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP). Eles passaram por uma audiência de custódia e tiveram a prisão mantida pela força policial. Há duas semanas, a FNL deu início a um movimento intitulado “Carnaval Vermelho” e invadiu oito fazendas em Pontal e uma no Mato Grosso do Sul.  Segundo a Frente, as terras haviam sido reconhecidas como públicas, contudo a Justiça concedeu liminar de reintegração de posse em favor dos proprietários.

O uso de violência por parte da dupla também é alvo de investigação da Polícia Civil. “As operações visam a apuração do ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de arma de fogo, incluindo fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de pessoas”, declarou a corporação em nota. O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, comemorou a ação das forças policiais em sua rede social. “Parabenizo os policiais envolvidos nessa missão, que contam também com o apoio da Polícia Militar para garantir a segurança em nosso Estado”, escreveu. Em resposta, a FNL emitiu uma nota pedindo a soltura das lideranças. “”Exigimos a liberdade imediata dos nossos companheiros, que têm o direito garantido pelo Estado Democrático de Direito de responder a qualquer acusação em liberdade. Não podemos tolerar que o Estado aja de maneira arbitrária contra quem luta”, afirmou o grupo.

Outros movimentos sociais também demonstraram apoio à dupla. “O FNDC vem a público se manifestar pela liberdade dos companheiros presos por lutar pela reforma agrária. A concentração de terras no Brasil é uma das maiores responsáveis pela fome no nosso país. A desigualdade no Brasil atinge níveis alarmantes, nos últimos anos parte da população foi obrigada a enfrentar filas para comprar ossos de animais. Defendemos o uso social da terra, o limite de propriedades e a produção de alimentos sem ônus de veneno. E não consideramos aceitável que seja considerado crime, lutar por um outro modelo agrário no Brasil”, declarou o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. “Lutar não é crime, seja por salário, emprego, terra ou liberdade. A FASUBRA é contra a criminalização dos movimentos sociais e defende que os companheiros possam responder em liberdade, denunciado esta ação do estado de São Paulo como uma prisão política, que não se sustenta juridicamente”, disse em nota a Federac?a?o de sindicatos de trabalhadores te?cnico-administrativos em educac?a?o das instituic?o?es de ensino superior pu?blicas do Brasil (Fasubra Sindical).

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Justiça mantém prisão do youtuber Capital Hunter por exploração sexual infantil

A Justiça de São Paulo decidiu manter a prisão do influenciador digital João Paulo Manuel, conhecido como Capitão Hunter. Ele está sendo investigado...

IBGE reconhece mais 86 povos e 21 línguas indígenas no Brasil

O último Censo Demográfico, conduzido pelo IBGE, revelou que o Brasil abriga 1.694.836 indígenas distribuídos em 4.833 municípios. Essa cifra representa 0,83% da...

Juiz que detonou Moro, Deltan e Lava Jato é alvo de investigação sobre furto de champanhe

O juiz federal Eduardo Appio, conhecido por suas críticas à Operação Lava Jato e ao ex-juiz Sérgio Moro, se tornou alvo de uma...