Opinião: ACM Neto reaparece e deve tentar se manter como antagonista do PT na Bahia

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Ao longo dos últimos dias, um personagem importante da cena política baiana voltou a emergir e tentar participar mais ativamente do debate público. Após uma espécie de “retiro” depois da derrota no segundo turno das eleições de 2022, ACM Neto tirou um período sabático. Os aliados preferiam não falar diretamente, mas, quem conversou em off, admitiu que o ex-prefeito de Salvador precisava digerir o resultado desfavorável das urnas. Agora, ao que parece, chegou ao fim esse tempo de reclusão.

 

Desde o dia 30 de outubro, foram raras as aparições públicas ou manifestações de ACM Neto sobre temas locais. Em um dado espaço de tempo, ele chegou a acompanhar as conversas entre o União Brasil e o governo Luiz Inácio Lula da Silva para negociar a composição da base aliada. Foi, segundo quem o conhece, discreto para não atrair holofotes. “Precisava desse tempo”, como explicou um aliado. Ao reaparecer na cena política, deu a senha de que não pretende se afastar do debate.

 

Os adversários provocaram. Criticaram qualquer tentativa dele emitir comentários. É parte do jogo e quem entende de política considera natural esse processo. Como líder de um grupo com certa robustez, ACM Neto representa uma ameaça iminente para quem tenta manter o poder – que, no caso local, é o PT e seus 20 anos à frente do governo da Bahia. Por isso, para quem está do outro lado, silenciá-lo ou tentar minimizar qualquer fala dele é parte integrante da construção da estratégia de embates. E isso passa também pelo fogo amigo, daqueles que preferem vê-lo enfraquecido para ocupar uma eventual lacuna.

 

A disputa em Salvador em 2024 é um exemplo disso. Apesar do favoritismo sinalizado pelo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, em parceira com o Bahia Notícias, na semana passada, Bruno Reis (União) é tratado pelos adversários – e até por alguns pseudo-aliados – como uma peça substituível pelo próprio ACM Neto. É uma jogada que eu dificilmente apostaria, mas há quem garanta que é uma possibilidade palpável, ainda que ninguém do núcleo mais próximo ao ex-prefeito tenha sinalizado. Ou seja, há um esforço em minar a relação entre “criador e criatura” na lógica do dividir para conquistar. Nas rodas de burburinho, é pule de dez que esse tema vai aparecer.

 

Mesmo que remota, a possibilidade será revisitada agora que ACM Neto voltou a aparecer. A depender dos temas e das estratégias de comunicação utilizadas, ele deve continuar como uma espécie de antagonista da política baiana. Fingir que isso não existe é só a incorporação da visão dos adversários. Aos espectadores, cabe observar atentamente para entender quem o ex-prefeito vai se propor a ser e quem adversários dele tentaram pintá-lo.

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