Opinião: A esperança de Jerônimo com a busca por negócios na China

Publicado:

As negociações entre a Bahia e a China sempre renderam bons dividendos para os gestores. Desde Jaques Wagner, ir à China parece ser um pedágio obrigatório para o governador baiano. Chegou a vez de Jerônimo Rodrigues cumprir a própria peregrinação em busca de parcerias comerciais que rendem notícias positivas para um estado que, apesar de muitos avanços, mantém índices preocupantes na economia, especialmente na geração de empregos e na renda da população.

 

A capitalização dessa viagem vai além da sintonia com Luiz Inácio Lula da Silva – que foi obrigado a desistir da viagem temporariamente por questões de saúde. Jerônimo precisa trazer na bagagem soluções para entraves já existentes na relação entre a Bahia e empresas e consórcios chineses. Ao menos duas obras estruturantes, o Veículo Leve de Transportes (VLT) do Subúrbio e a ponte Salvador-Itaparica, demandam investimentos vultosos estatais e a parceria público-privada criada para as respectivas construções. E ambas estão a um ritmo praticamente parado – às vezes com alguma mobilização para não parecer completamente inertes. É uma herança dos antecessores, que cabe a Jerônimo continuar.

 

No passado, os chineses também protagonizaram um dos grandes constrangimentos da tentativa de expandir mercados: a promessa não cumprida da JAC Motors. Quando um carro foi enterrado, como uma semente da futura fábrica, havia muita expectativa de que o polo automotivo em Camaçari seria expandido. Ali, tínhamos a Ford e a possibilidade de uma segunda montadora. O que se viu foi uma sucessão de notícias ruins: a JAC foi uma ilusão e a Ford deixou a Bahia em janeiro de 2021.

 

Jerônimo embarcou na missão China de 2023 tentando destravar projetos como o VLT e a ponte, mas também na tentativa de confirmar o protocolo de intenções para que a planta da Ford seja assumida pela BYD, uma gigante do setor automobilístico e que ainda não tem fábricas no Brasil. É um desafio grande, dadas as circunstâncias globais da economia – e a ainda instável volatilidade política e econômica do Brasil. A esperança do governo é trazer boas notícias na mala, para além da experiência de uma viagem em comitiva governamental ao exterior – sim, há quem escolha apenas analisar sob essa perspectiva.

 

Ainda assim, por mais que haja uma perspectiva otimista, é preciso ficar atento para que a ida da Bahia não fique sob a reboque das expectativas da missão Lula, ainda que o presidente não tenha embarcado dessa vez. Desde a campanha eleitoral, Jerônimo reforça a tese de que deve haver uma integração entre a gestão Lula e a administração local. Entretanto, há uma diferença importante a se delimitar: não deve haver subserviência, mas sim parceria. Tal qual a expectativa da relação com a China.

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Filho de major da PM morre em colisão entre motos em Bom Jesus da Lapa

A tragédia abalou a cidade de Bom Jesus da Lapa, quando um jovem de apenas 19 anos perdeu a vida em uma colisão...

Homem morre após invadir quartel e esfaquear sargento no Nordeste baiano

Na manhã de terça-feira (22), a tranquilidade do quartel da Polícia Militar em Jeremoabo, no Nordeste baiano, foi abruptamente rompida. Um homem, motivado...

Homem é resgatado do trabalho escravo em fazenda no sul da Bahia

Recentemente, um homem em situação de trabalho escravo foi resgatado de uma fazenda na região de Piabinha, no sul da Bahia. A história,...