Cirurgião-geral alerta sobre riscos das redes sociais para saúde mental

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Um cirurgião-geral dos Estados Unidos fez um alerta público a respeito dos perigos que o uso das redes sociais pode representar para a saúde mental dos jovens. Em um documento de 19 páginas divulgado nesta terça-feira (23/5), o médico Vivek H. Murthy destacou que, apesar de os impactos das mídias sociais na saúde mental dos adolescentes ainda não serem completamente compreendidos e as redes oferecerem benefícios para alguns usuários, “há evidências claras de que as redes sociais também podem representar um risco profundo para a saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes”.
Diante dessa situação, o cirurgião-geral pediu que políticos, empresas de tecnologia, pesquisadores e famílias tomem medidas urgentes para proteger os jovens contra eventuais riscos. Murthy afirmou em entrevista ao The New York Times que “adolescentes não são apenas adultos menores” e que estão em uma fase crucial do desenvolvimento cerebral.
 
 
No relatório, Murthy mencionou que o uso frequente das redes sociais pode estar relacionado a alterações na amígdala e no córtex pré-frontal, áreas do cérebro fundamentais para o aprendizado e comportamento emocional, controle de impulsos, regulação emocional e moderação do comportamento social. O documento ainda citou estudos indicando que até 95% dos adolescentes relataram usar pelo menos uma plataforma de mídia social, e mais de um terço afirmou que usava redes sociais “quase constantemente”. Além disso, aproximadamente 40% das crianças de 8 a 12 anos utilizam mídias sociais, mesmo com a idade mínima exigida pela maioria dos sites sendo de 13 anos.

Redes podem ter impacto negativo na saúde mental de jovens

Pesquisadores têm tentado entender o impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, mas os dados ainda são inconclusivos, mostrando efeitos tanto positivos quanto negativos. As redes sociais permitem que alguns jovens se conectem com outros, encontrem uma comunidade e se expressem, mas também estão repletas de conteúdo extremo, inapropriado e prejudicial, como aquele que “normaliza” automutilação, distúrbios alimentares e comportamentos destrutivos.

O cyberbullying também tem se intensificado sem qualquer controle, e o uso crescente das mídias sociais tem coincidido com o declínio da prática de exercícios, da qualidade do sono e de outras atividades vitais para o desenvolvimento cerebral.

No comunicado, Murthy enfatizou a “necessidade urgente” de clareza em várias áreas de pesquisa, como os tipos de conteúdo prejudiciais, o envolvimento de vias neurológicas específicas e possíveis estratégias de proteção à saúde mental dos jovens. Ele ainda reconheceu que, até o momento, a responsabilidade de proteger os adolescentes tem recaído principalmente sobre as famílias. Murthy defendeu a criação de padrões de segurança em que as famílias possam confiar e que sejam efetivamente aplicados.

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