São Paulo – A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS) de Campinas (SP) inicia nesta quarta-feira (21/6) um inventário da população de capivaras em quatro parques do município. A medida faz parte do enfrentamento ao surto de febre maculosa.
O censo das capivaras foi iniciado na semana passada. Após a conclusão do levantamento e autorização do governo estadual, a Prefeitura de Campinas abrirá licitação para contratar uma empresa e esterilizar os animais (incluindo os machos, fêmeas e filhotes).
Todas as capivaras serão microchipadas e receberão uma marcação que indique a castração. Os resultados também vão ajudar no manejo dos animais.
Nesta quarta, o censo começa a ser realizado no Parque das Águas, no Parque Jambeiro, e abrange o Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho, em Barão Geraldo, e o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Heitor Penteado.
A caracterização das capivaras do Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) e Lago do Café, ambos no bairro Taquaral, já foi realizada.
No Taquaral, foram identificados dois grupos com 48 indivíduos no total. Um deles costuma ficar na decantação da lagoa e outro próximo a Caravela. Já no Lago do Café, 28 capivaras foram contadas, dividindo-se em dois grupos, um no primeiro lago, na entrada do parque, e outro no terceiro.
Distribuição espacial O trabalho permitirá inventariar as capivaras nos parques públicos identificando o número de grupos, fêmeas, filhotes e machos – incluindo os machos dominantes (um por grupo) e solitários (satélites, que ficam próximos ao grupo). Além disso, a equipe vai analisar a distribuição espacial dos grupos pelo parque, onde costumam ficar e circulam.
O levantamento de campo será executado por uma força-tarefa composta por técnicos do gabinete da SVDS e pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBea), sob supervisão técnica do veterinário Paulo Anselmo.
Segundo Paulo Anselmo, “a medida é importante para auxiliar na diminuição do risco de transmissão da febre maculosa”.
Animais selvagens e protegidos por legislação federal, as capivaras são um dos principais hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a doença. Podem contrair a bactéria que causa a febre maculosa quando são parasitadas por carrapatos-estrela infectados.
Surto em Campinas Quatro pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, morreram de febre maculosa. O local é apontado pela Secretaria de Saúde como o foco do surto da doença.
As quatro vítimas foram até o local no dia 27 de maio, durante a Feijoada do Rosa, evento que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas com open bar e DJs de música eletrônica.
1º caso confirmado A dentista e biomédica Mariana Giordano, de 36 anos, morreu no último dia 8, após ser internada com febre, manchas vermelhas na pele e dores de cabeça, sintomas que começaram cinco dias antes.
Ela e o namorado, o piloto Douglas Costa, 42, tinham participaram da feijoada. A dentista estava internada em São Paulo, onde morava. Segundo relatos da paciente, ela notou marcas de picada em seu corpo.
Familiares e amigos relatam que Mariana era uma pessoa alegre, de farto sorriso, que estava em um momento feliz da vida. Ela também era reconhecida no meio profissional como uma dentista dedicada e amava automobilismo.
Piloto e empresário O piloto e empresário Douglas Costa, de 42 anos, começou a ter sintomas de febre maculosa em 3 de junho. Ele foi internado no dia 7 e morreu um dia depois, no mesmo dia que a namorada Mariana Giordano.
Douglas era conhecido no circuito da AMG Cup. Sua morte provocou comoção no meio. Ele foi homenageado por diversos pilotos e pela empresa que organiza o evento.
A AMG Cup Brasil publicou uma nota de pesar após a morte de Douglas. “A todos os familiares e amigos, os nossos mais sinceros sentimentos. Sabemos como Douglas era uma pessoa admirável e que com certeza deixará um grande vazio no coração de todos que tiveram a honra e o prazer de conhecê-lo.”
Os amigos o definiam como um sonhador e exemplo.
Caso tratado como dengue A dentista Evelyn Karoline Santos, de 28, moradora de Hortolândia, chegou a procurar mais de um hospital, recebeu diagnóstico de dengue e foi orientada a fazer repouso em casa.
Ela esteve na Feijoada do Rosa com o marido, Marcelo Borges, de 38 anos.
Ao Metrópoles, ele relatou ter sido o primeiro do casal a sentir sintomas, mas o seu quadro melhorou após dois dias de cama. Já a jovem precisou procurar o Hospital Municipal Mario Covas, em Hortolândia, no domingo (4), com dor nas articulações e febre na casa do 40º C.
“Todo mundo procurava ela como um ombro amigo. Dava atenção a todos”, disse Marcelo. “Tinha cliente que ia ao consultório para arrumar os dentes, não tinha dinheiro e ela fazia de graça. Falava que ia cobrar depois, mas nunca cobrava pelo tratamento que devolvia o sorriso para as pessoas.”
Evelyn era regrada no dia a dia, com rotina de exercícios e cuidados na alimentação. Acordava às 5h30 para praticar ir à academia, trabalhava no consultório depois e ainda fazia crossfit à noite. Já nos fins de semana “não parava em casa”. Sempre recebia convites de amigos para festas e eventos.
Também frequentava a igreja e era apaixonada pela família, pela sua cachorrinha Sakura, da raça akita, e pelo Redmidos, um time de futebol amador de Hortolândia. Ainda arrumava tempo para dar aulas voluntárias de implantodontia, o ramo da odontologia para recuperação de dentes, e havia acabado de concluir uma especialização em harmonização facial.
Adolescente de 16 anos A adolescente Érissa Nicole Santos Santana, de 16 anos, esteve na Fazenda Santa Margarida junto com o pai, Ednaldo Santana, que prestava serviço para os organizadores da Feijoada do Rosa. Ela morreu no dia 13/6.
A causa da morte por febre maculosa foi confirmada na quinta (15).
Pai e filha permaneceram no local por cerca de 30 minutos e não passaram pela entrada onde, segundo outros frequentadores, havia mais áreas de mato.
O pai de Érissa tem uma empresa que oferece ambulância com brigadista para grandes eventos. Um de seus funcionários, que estava na fazenda durante a feijoada, pediu que ele fosse até o local para entregar alguns equipamentos que estavam faltando.
“Geralmente, era ele que se deslocava de casa, passava na base, pegava esse material e levava para o evento. Sempre quem acompanhava era a esposa e a filha. Ele nunca ia sozinho. O trajeto dele, entre o lugar em que ele parou o carro e o ambulatório, deve ter 40 metros. Foi esse o trajeto que ela andou”, contou Jeferson Viana, funcionário da empresa.
Familiares afirmam que Érissa sonhava em cursar administração de empresas e gerir o negócio do pai.
“O Ednaldo era um pai fanático. Eles se gostavam muito. Ela queria ser administradora de empresas. Ia assumir o negócio do meu irmão. Ela queria fazer intercâmbio, conhecer o mundo”, disse o tio da menina, José Carlos Santana.
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