Opinião: Voto de Otto Filho “contra” BYD pode ser revertido e a fatura vai ser paga pelo governo da Bahia

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Se o eleitor tivesse uma memória boa, o não voto de Otto Filho no destaque que garantia incetivos fiscais à implantação da BYD na Bahia poderia sepultar a carreira política do herdeiro do senador Otto Alencar. Não é o caso, porém o posicionamento do deputado federal fará o governo baiano se mobilizar para evitar que essa mudança na reforma tributária não impacte na chegada da montadora chinesa à Camaçari. Pelo menos, com o anúncio já feito é mais difícil um recuo drástico.

 

A apresentação do substitutivo de Aguinaldo Ribeiro, já no plenário, foi uma conquista relevante da articulação política do governador Jerônimo Rodrigues – leia-se, nesse caso, a ação da ascendência dos petistas baianos sobre o Palácio do Planalto. Quando a BYD veio a Salvador, na última terça-feira, ninguém falava sobre essa alteração na reforma tributária. Nos bastidores, havia a intensa negociação para que um benefício fiscal já existente fosse estendido aos chineses, cujo prazo inicial para começo das operações é o último trimestre de 2024. O resultado foi a mudança de última hora, que passou no texto-base e dependeria da rejeição do destaque para permanecer.

 

Então, estados não beneficiados pela medida se incomodaram. O grito foi percebido e, ao longo da manhã de sexta-feira, um esforço conjunto tentou evitar a aprovação do destaque. Era esperado a unanimidade dos deputados baianos e pernambucanos, estados beneficiários da medida. E, por um voto, o destaque retirou da PEC o incentivo para BYD. Justamente, o voto contrário de Otto Filho, que enfrentaria um pouco da reação negativa do Palácio de Ondina e do eleitorado, caso não fosse filho de quem é. Arthur Maia, que se ausentou da votação, também poderia ser cobrado, mas o peso da ausência é menor do que o voto contrário. Por isso, Otto Filho é quem arca com as consequências dessa rejeição.

 

O problema de mudanças de última hora em textos é que o açodamento das votações pode gerar essas celeumas, mesmo dentro de bases consolidadas – ou de posicionamentos que deveriam ser unânimes. Há tempo para reversão e o governo se apoia nisso. Tanto que é esse o posicionamento público de todos que falam sobre o tema. Como o Senado funciona como uma casa revisora, é provável que lá seja feita a mudança que a BYD almeja. E aí a cobrança pelo posicionamento de Otto Filho pode recair sobre o pai, que é um articulador experiente e conhece bem os meandros do Senado. Isso pode beneficiar não apenas o governo da Bahia e a BYD, mas o próprio clã Alencar, que, sem dúvidas, não vai querer ficar com a pecha de quem colocou em risco investimentos bilionários e geração de emprego na Bahia.

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