Racha: Rui e Wagner defendem candidaturas diferentes ao STJ; lista de cotados da Bahia se restringe a dois nomes

Publicado:

As movimentações nos corredores de Brasília e da Bahia estão cada vez mais intensas com a proximidade da formação da lista quádrula para a vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), marcada para o dia 23 de agosto. O esforço é para que um baiano conquiste primeiramente um espaço na lista, entre os 57 nomes que estão na disputa, e consequentemente um assento na Corte.  

 

Se há “briga” entre desembargadores para ver quem fica com uma das duas cadeiras de ministro, o clima não é diferente entre os conterrâneos que compõem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

 

De um lado o ministro da Casa Civil, Rui Costa, está empenhado na campanha a favor do desembargador Roberto Maynard Frank – atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) – e do outro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), está dedicado em consolidar o nome do desembargador Maurício Kertzman na lista. 

 

Embora quatro desembargadores baianos estejam na disputa – ainda há os nomes de Jatahy Júnior, corregedor da Comarcas do Interior, e do atual presidente do Tribunal de Justiça (TJ-BA), Nilson Soares Castelo Branco – nos bastidores os nomes mais cotados são o de Frank e Kertzman. Mesmo o histórico familiar forte de Jatahy Júnior e a proximidade de Castelo Branco com o senador Otto Alencar (PSD) não são apontados como pontos fortes para desbancar os favoritos até então. 

 

Fontes ligadas ao Bahia Notícias confirmam o cenário e a divisão entre os membros do governo. A expectativa é que uma das duas vagas, com a aposentadoria do ministro Jorge Mussi e a morte do ministro Paulo de Tarso Sanseverino, fique com a Bahia como sinal de “gratidão” de Lula pela eleição do ano passado.

 

AS RELAÇÕES

Ambos advogados, tanto Roberto Maynard Frank quanto Maurício Kertzman ocupam hoje a cadeira de desembargador TJ-BA em vagas destinadas ao Quinto Constitucional da advocacia. 

 

Frank tomou posse em outubro de 2013, tendo sido escolhido pelo ex-governador Jaques Wagner. Três anos depois ele chegou ao TRE-BA, onde está no segundo mandato como presidente. 

 

Ao que tudo indica, as costuras para chegar ao STJ começaram lá nas eleições de 2022. Como presidente do TRE-BA, Frank foi responsável por conduzir a realização do pleito e de olho no lugar na Corte Superior, estreitou os laços com o desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro – amigo da família Costa e conterrâneo da ex-primeira-dama da Bahia e agora conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), Aline Peixoto, os dois são de Jequié. 

 

A dupla Frank e Cafezeiro deu alguns pareceres favoráveis à chapa do Partido dos Trabalhadores na corrida eleitoral, principalmente com a retirada de inserções no rádio e na TV do então candidato ACM Neto (União). 

 

Já Kertzman tomou posse como desembargador do TJ em junho de 2014, também nomeado por Wagner – que à época articulou a sua condução à Corte. 

 

PONTOS NEGATIVOS

Para os dois lados, Frank e Kertzman, pode pesar o tempo de magistratura. O presidente do TRE-BA vai completar 10 anos de carreira em outubro e o colega de tribunal somente em 2024. O que poderia abrir uma possibilidade para Jatahy Júnior, como uma verdadeira “zebra”, caso os ministros do STJ levem este fator em consideração. 

 

Outro ponto que pode contar como negativo é o histórico dos postulantes. Roberto Maynard Frank só tomou posse como desembargador do TJ-BA após o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deferir o pedido de liminar cassando a decisão do conselheiro Gilberto Valente, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), alegando que ele não reunia as condições exigidas de elegibilidade respondendo à uma investigação criminal. 

 

Na decisão, Lewandowski afirmou que não existiam fatos seguros que pudessem confirmar o impedimento e citou ainda “não haver impedimento que o ocupante da vaga destinada aos advogados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) possa concorrer à vaga do TJ-BA”.

 

Para Kertzman, o peso é a Operação Faroeste. O desembargador foi citado em delação premiada da desembargadora Sandra Inês Rusciolelli e do filho, Vasco Rusciolelli, em 2021. Ele foi acusado de vender sentenças (lembre aqui). 

 

No entanto, o inquérito contra Kertzman foi arquivado por decisão do ministro do STJ, Mauro Campbell, em julho deste ano. Ao determinar o arquivamento, Campbell, segundo informações da coluna de Malu Gaspar, do O Globo, desqualificou a delação premiada – que havia sido homologada pelo próprio STJ. 

 

Cerca de dois anos antes, em 2019, o magistrado precisou explicar ao CNJ uma viagem que fez com a sua esposa, a juíza Patrícia Kertzman, aos Estados Unidos para um evento jurídico – o passeio custou aos cofres do Tribunal de Justiça o valor de R$ 24.560. Embora o evento tivesse duração de três dias, o casal obteve sete diárias. 

 

Em maio de 2019 o caso também foi arquivado pelo então corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins. Na decisão, Martins considerou que tanto o TJ-BA quanto os magistrados conseguiram “justificar adequadamente a participação no curso e também o recebimento das diárias respectivas”.

 

TERCEIRA VAGA

Em relação à terceira vaga, destinada à classe da advocacia, fontes afirmaram ao Bahia Notícias que o nome do advogado baiano André Godinho está forte na disputa. No dia 23, o STJ também formará a lista tríplice a ser enviada para o presidente Lula. 

 

Porém, o páreo é duro já que a mais votada na formação da lista sêxtupla da OAB, Daniela Teixeira, é próxima a alas do PT e do grupo de juristas Prerrogativas. 

 

Ainda disputam a cadeira Luís Cláudio Allemand, Luís Cláudio Chaves, Márcio Fernandes e Otávio Rodrigues Júnior.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Concurso: fraude de “Baby 10” levou policial civil do DF para a cadeia

Após sete anos de sua primeira investigação, Luiz Paulo Silva dos Santos, conhecido como “Baby 10”, está novamente sob os holofotes da Polícia...

Justiça do Rio condena Sérgio Cabral, Pezão e ex-secretário Hudson Braga por improbidade administrativa e corrupção

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu condenar os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, além do ex-secretário Hudson Braga, por atos...