Advogado de hacker bate boca com deputada bolsonarista: ‘Ladrão’

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O advogado do hacker Walter Delgatti discutiu com a deputada Paula Belmonte (Cidadania) durante o depoimento do hacker à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). A parlamentar afirmou que Delgatti tem que pensar bem “com quem ele está do lado”. O advogado retrucou e alfinetou Belmonte, dizendo que o presidente que ela defende — o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — é um “ladrão de relógios”.

 

Delgatti foi convocado como testemunha. Ele está preso em um presídio de Araraquara, no interior de São Paulo, e prestou depoimento por videoconferência, após permissão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Belmonte disse que o hacker precisa pensar bem sobre o caráter do advogado que o representa, e citou o episódio em que o hacker conversou com a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que intermediou contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil , no que originou a chamada “Vaza-Jato”.

 

“Eu já vi esse advogado em vários depoimentos do senhor, desde aquela época que você entregou as coisas para a Manuela D’Ávila. Eu quero pedir para o senhor que você pense com que você está do lado, para que te oriente bem. O senhor tem uma missão bem grande nesse Brasil”, disse a parlamentar, com o advogado Ariovaldo Moreira, ao fundo, pedindo respeito.

 

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Após o bate-boca, o presidente da CPI, Chico Vigilante, deu um minuto para que Ariovaldo falasse, já que foi citado pela parlamentar. Em resposta, o advogado disse que só deixou a defesa de Delgatti quando ouviu da boca da deputada Carla Zambelli (PL-SP) de que o hacker seria captado para o esquema que visava a invasão das urnas eletrônicas e o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

 

“Não sou petista, não tenho nenhum tipo de tendência política. Eu me afastei do Walter a partir do momento em que eu fiquei sabendo, pela boca de Carla Zambelli, porque participei da reunião no PL. Eu ouvi dela que eles queriam coptar o Walter para cometer crimes. Foi nesse momento que me afastei dele”, disse.

 

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“Caso a deputada entenda que o Walter esteja mal assistido, seria importante ela saber as pessoas que ela defende nesse momento. Ela (Paula Belmonte) defende bandidos. Carla Zambelli e o ex-presidente são pessoas que estão envolvidas em crimes. Eu, na qualidade de advogado, jamais tive um desvio de conduta. O presidente que ela apoia é um ladrão de relógios, devidamente comprovado. Muito em breve responderá pelos crimes”, completou Ariovaldo.

 

A resposta é em referência ao sumiço do relógio Rolex. Segundo a Polícia Federal, ele foi vendido ilegalmente pelo ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, nos Estados Unidos. No mesmo momento em que respondia, a parlamentar deixou a sessão rapidamente.

 

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Hacker culpa ex-presidente

Ao ser questionado sobre o plano de desmoralizar a justiça, colocando o mandado de prisão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra Moraes, o hacker disse que Bolsonaro sempre esteve de acordo. “Tanto sabia, que ele (Bolsonaro) solicitou esse feito”, diz Delgatti, sobre Bolsonaro.

 

Antes de iniciar a sessão, Delgatti pediu para que os agentes do presídio tirassem a algema dele, já que ele está preso e não teria a possibilidade de fugir. Sobre a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o hacker disse que foi contratado por ela para fazer o serviço. “Ao todo, recebi R$ 40 mil reais. O combinado era um emprego, e não os valores. Ela enviou os valores como uma ajuda de custos”, disse. “Até hoje eu não recebi o emprego, apenas a prisão”, concluiu.

 

Logo após, Delgatti disse que a ideia de fazer o despacho determinando a prisão de Moraes foi porqueZambelli e Bolsonaro queriam mostrar fragilidades do sistema. “A ideia foi minha. A Carla e o Bolsonaro queriam um jeito de mostrar que era vulnerável. Eu tive a ideia de fazer o despacho, emitindo a prisão do Moraes, dele prendendo ele mesmo”, explicou. Delgatti disse que tem como provar.

 

Ele foi preso em 2 de agosto, nos desdobramentos da investigação que apura a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um mandado de prisão falso contra Moraes.

 

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