A política do desespero

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Para se manter na liderança da bancada, despachar de uma sala estrategicamente localizada em frente ao plenário e comandar uma equipe de cerca de 20 assessores, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas, se meteu em uma enrascada que deixou o ninho tucano em polvorosa. O anúncio de que o senador capixaba Marcos do Val aceitou trocar o Podemos pelo PSDB a convite do líder, conforme esta coluna antecipou na edição de ontem, provocou uma onda de indignação na legenda que jogou por terra a tentativa de manter a estrutura da liderança tucana no Senado. Do Val seria o terceiro senador da minguada bancada do PSDB — quantidade mínima, pelas regras da Casa, para ter o direito de indicar líder de bancada, com cargos e gabinetes específicos.

Veto

A filiação de Do Val foi torpedeada por todos os lados. A Executiva Nacional só ficou sabendo da articulação de Izalci depois de procurada por esta coluna, na noite de quarta-feira. Ontem, soltou uma nota informando que vetará a filiação. Sobre a possibilidade de a legenda perder o direito à sala da liderança, um dos caciques comentou: “Paciência, que perca”. Esse é o clima no tucanato.
 

“Nenhuma”

 
No Espírito Santo, a reação foi a mesma. O presidente do partido no estado, deputado estadual Vandinho Leite, disse à coluna que a relação de Do Val com o PSDB local “é nenhuma”. “Izalci precisa dialogar com o partido. Nada disso foi negociado, e a reação, aqui, foi muito negativa. Essa filiação não se deu e não vai se dar”, sentenciou Vandinho. No início da noite, depois de todo esse alvoroço, Marcos Do Val anunciou a alguns interlocutores que permanecerá no Podemos. E Izalci perderá a liderança da bancada.

Unabomber

Marcos Do Val é um senador que, nos últimos cinco anos, não construiu relações políticas no Congresso. Ao contrário, costuma se indispor com colegas sempre que participa de algum debate. Eleito na esteira do bolsonarismo em 2018, Do Val tenta se colocar como um outsider, um lobo solitário da direita que não segue lideranças ou orientações partidárias. A situação dele se complicou quando revelou — e depois desmentiu — ter participado de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) para montar uma armadilha para o ministro do STF Alexandre de Moraes. A ideia era gravar conversas do magistrado, que comanda o inquérito que pode levar Bolsonaro à prisão.
 

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