Os novos donos do poder

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Por Fernando Barros, Márcia Azevedo Coelho e Mário Salimon

Afinidades políticas, Meio Ambiente e Algoritmos redefinem o comportamento, o Comércio Internacional, o futuro. Agendas pontuais não respondem a desafios sistêmicos. A Natureza e o clima são sistemas. Exigem visão de Desenvolvimento Civilizatório e Sustentável que envolva todo o processo produtivo – pequenos, médios e grandes atores; empresas, pessoas. Planeta… Seremos “Senhores do Nosso Destino?” Com a palavra, a gestão multidisciplinar, a visão estratégica, a Educação e a Cultura.

Por aqui, ainda triunfam a visão de curto prazo e as ações fragmentadas e excludentes. Enquanto isso, mais de 50% das tecnologias sustentáveis já produzidas pela Ciência Tropical brasileira jamais chegaram aos usuários finais. Democratizar conhecimentos existentes é hoje a chave-mestra do Desenvolvimento Sustentável.

Nada Será Como Antes…

Em Países maduros, estratégias fundadas em Ciência, são mediadas pela Política, pela integração entre o Público e o Privado. O Brasil é capaz de dobrar a produção de alimentos sem derrubar uma única árvore, mas luta contra o protagonismo setorial, ou individual. E, assim, quando é só Ciência, não aterrissa, não transforma; só social, não acontece, é irreal; só o negócio de alguns, a sociedade não aceita; só informação, não é Comunicação, não é diálogo: é Marketing.

Surgem duas tendências dominantes no comércio internacional:  o meio ambiente e a afinidade – ou hostilidade – política. Mais incertezas no radar do Brasil, um País que precisa da confiança de vizinhos do Ocidente (vide o acordo Mercosul) e ao mesmo tempo, é chino-dependente – Beijing comprou 41,4% das exportações do Agro, em março.

Em meio a tantos desafios e interesses, pacificar convergências só será exequível no universo da Cultura, ali onde o jogo é realmente jogado.

Cultura, o Ambiente do Diálogo Global

A necessidade de construir sociedades mais justas, equânimes e colaborativas é consensual. Igualmente, a formação de gerações que incluam a preservação da vida em seus diversos projetos – a base do Desenvolvimento Sustentável.

Investir em Ciência e Tecnologia é importante, mas também é vital mudar atitudes, combater a desinformação e unir concepções de mundo, a fim de que pessoas sintam-se respeitadas em seus direitos e responsáveis por seus deveres em relação a si e ao outro. Hoje, tomar decisões exige compreender contextos. A informação é apenas um dos elementos que constroem o agir, o posicionamento. Fomentar essa consciência é papel da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), estabelecendo relação entre conhecimento e valores. Numa sociedade inclusiva, convivem o formativo, o informativo e o tecnológico.

Na Educação Básica do Brasil, urge aproximar o conhecimento das demandas da sociedade e dos anseios dos jovens. Para tanto, o fazer pedagógico deve ser fundamentado nas dimensões técnica, estética e ética. Só assim, as novas gerações serão capazes de compreender a função do desenvolvimento científico e sua aplicação social.

Os Novos Donos do Poder

Cresce a transferência de poder para sistemas baseados em algoritmos.  Sem perceber, os governantes de direito perdem o pleno controle sobre políticas públicas e privadas. O sistema de tomada de decisão é cada vez mais baseado em grandes massas de dados. Com isto, muitas vontades são e serão contrariadas.

Predomina a tendência de preferirmos abrir mão da liberdade individual em favor de segurança, conforto, conveniência e simplificação. O caso da empresa israelense “Cognite”, que vendeu o programa espião para a ABIN, é apenas mais um exemplo de como Nações cedem o controle de dados estratégicos para empresas. Muitas vezes, a promessa de mais segurança esconde a perda de liberdade.

A fragmentação dos saberes na Educação, da Informação, da visão Ecológica, e das diversas intervenções impedem que a sociedade se perceba como um todo. Gera o ambiente que empodera entes sem compromisso com a democracia. Não enfrentar tal contexto oportunamente gera uma conta cada vez mais difícil de pagar. Como coletivo, será que estamos cientes disso?”.

Fernando Barros é Diretor Executivo do Fórum do Futuro; Márcia Azevedo Coelho é da Cátedra de Educação Básica do IEA-USP; Mário Salimon – é jornalista e Especialista em Gestão de Estratégia

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