TAGS

Vacinação ainda gera polêmica três anos depois

Publicado em

spot_img
Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Isabel Dourado*

Em 17 de janeiro de 2021, a enfermeira Mônica Calazans, hoje com 57 anos, tornou-se personagem da história ao receber, no Brasil, a primeira dose da CoronaVac — produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac —, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Ontem, ao completar três anos dessa aplicação, especialistas ouvidos pelo Correio voltaram a reforçar a importância do imunizante e explicaram que a vacina foi fundamental para se superar a pandemia de covid-19.

Mas as polêmicas não desapareceram. Uma pesquisa de opinião, aplicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), sobre a obrigatoriedade da vacinação de crianças, entre seis meses e quatro anos de idade, contra o novo coronavírus, tem sido duramente criticada pela comunidade científica. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), por exemplo, ataca a sondagem e considera que “equiparar crenças pessoais à ciência pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação” — diz, em nota.

“Quando a gente viu as vacinas sendo aprovadas pela Anvisa e, no minuto seguinte à aprovação, a Mônica Calazans recebendo a primeira dose, foi um alívio para todos. Particularmente, fui investigador da vacina da Astrazeneca no Brasil e pude ver esse resultado. Foi uma emoção indescritível”, lembra o vice-presidente da SBIm, Renato Kfouri.

Menores

Ele chama a atenção para a baixa cobertura vacinal do público infantil. Dados do Ministério da Saúde apontam que apenas 22,2% das crianças abaixo de cinco anos tomaram as duas doses contra a covid. No público de seis meses a dois anos, o percentual é menor — apenas 13,0% receberam as duas aplicações.

“A imunização pediátrica está baixíssima. As crianças acabaram ficando para o fim porque as vacinas foram destinadas, primeiro, aos mais velhos. Quando chegou (para as crianças), a pandemia estava mais calma. Veio a falsa percepção de que a covid não era importante nelas, além de haver um bombardeio de mentiras de que as vacinas fariam mal. É a primeira vez que a gente vê pais vacinados e protegidos que não querem proteger os filhos”, lamenta Kfouri.

Na avaliação da cobertura vacinal pelo Ministério da Saúde, para o esquema primário de duas doses com os imunizantes monovalentes, o índice é de 83,86%. Mas, no caso da bivalente, desenvolvida para enfrentar sub-linhagens da variante ômicron do vírus, apenas 16,26% da população a tomou.

Bergmann Morais, professor e virologista do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), reforça que a vacina foi fundamental para evitar mais mortes, além das 708.739 registradas até ontem no painel Coronavírus Brasil. “O número de óbitos diminuiu drasticamente. Quem nega isso, nega a própria vida. A vacina diminuiu muito o número de mortes e, de 2021 para cá, houve uma diminuição grande de pessoas hospitalizadas. A vacina disponível contra doenças infecciosas normalmente evita 2 milhões de óbitos por ano. Com a covid, não foi diferente — evitou milhões. Se não houvesse a vacina, teríamos muito mais mortes nesses três anos”, afirma.

Em nota ao Correio, o Ministério da Saúde ressaltou que os fármacos disponibilizados pelo Programa Nacional de Imunizações continuam a oferecer proteção contra as formas graves da covid e “os grupos aptos a recebê-las não devem adiar a vacinação”. O imunizante contra a covid-19 passou a fazer parte do PNI no começo deste mês.

O programa possibilitou que o Brasil se tornasse pioneiro na incorporação da vacina contra a covid ao calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). Até o momento, são cinco os fármacos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibilizados pelo PNI: duas com autorização para uso emergencial (CoronaVac-Butantan e Comirnaty bivalente Pfizer) e três com registro definitivo (AstraZeneca-Fiocruz, Janssen-Cilag e Comirnaty-Pfizer-Wyeth).

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

Saiba Mais

  • 30122023ea 11 33825097 Brasil Mega-Sena: duas apostas do DF acertam a quina e faturam R$ 30 mil cada
  • porto alegre 34330787 Brasil Temporal em Porto Alegre provoca alagamentos e derruba teto de hospital
  • penitenciaria 34329229 Brasil Ministério autoriza uso de Força Penal Nacional para treinamento em RO
  • 20240116103654 gd90b3jaaaaas4o 1 1 34319217 Brasil Homem é visto saindo da casa de sócio de galeria na noite do assassinato

 

image
image

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Morre o deputado e pastor Otoni de Paula

Na madrugada desta segunda-feira (27), faleceu aos 71 anos o deputado estadual do Rio de Janeiro, Otoni Moura de Paula (MDB), conhecido como Otoni de Paula Pai para se diferenciar de seu filho, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ). O parlamentar estava em tratamento contra um câncer no fígado, e seu estado de saúde

Evangélicos escapam da morte em acidente que deixou uma vítima carbonizada

Um grave acidente envolvendo dois carros, um ônibus e uma moto ocorreu neste sábado (25) no município de Pilar, interior de Alagoas, deixando um homem morto e quatro pessoas feridas. O acidente aconteceu enquanto um grupo de evangélicos retornava de um culto religioso em Branca de Atalaia para Maceió. Entre os envolvidos, três fiéis estavam

Bola de Neve se pronuncia sobre denúncias

A Igreja Bola de Neve emitiu uma nota oficial nesta quinta-feira (23) em resposta aos relatos de ex-membros que alegam terem sido vítimas de abusos religiosos por parte de pastores e líderes da denominação. A nota surge em meio a um crescente número de testemunhos nas redes sociais sobre o comportamento inadequado de dirigentes da