Tarcísio fica neutro em eleições no interior de SP para evitar atrito com Bolsonaro

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(FOLHAPRESS) – Os postulantes do Republicanos às prefeituras no interior de São Paulo enfrentarão um desafio sem o respaldo do governador e correligionário Tarcísio de Freitas. Em linhas gerais, ele optou por não se posicionar em municípios que tenham candidatos próprios dos dois partidos envolvidos, visando evitar confrontos desnecessários.

 

A decisão de Tarcísio foi interpretada pela cúpula do Republicanos como um gesto apartidário, entendendo sua preocupação em não se envolver em confrontos políticos com seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente nacional da sigla, Marcos Pereira, preferiu não emitir comentários sobre o assunto quando procurado.

Os aliados de Tarcísio enfatizam que sua intenção é unir as forças de direita, evitando assim possíveis divisões. Fontes próximas afirmam também que, ao adotar uma postura de neutralidade, o governador busca preservar o apoio dos prefeitos aliados e dos parlamentares da base na Assembleia Legislativa.

“PL e Republicanos estarão juntos na maioria esmagadora dos municípios. Conseguimos integrar os dois partidos, o que é bastante positivo”, declarou Tarcísio no início do mês, ao ser questionado sobre o assunto durante uma entrevista a jornalistas em Lençóis Paulista (SP).

“Ambos estão ao nosso lado, são parte do mesmo grupo, compartilham do mesmo projeto e objetivos. Optaremos pela neutralidade e acompanharemos. Meu compromisso é trabalhar da melhor maneira possível com os prefeitos eleitos”, completou.

O governador já havia adotado uma postura semelhante em relação à disputa na capital paulista. No final do ano passado, quando Bolsonaro estava inclinado a apoiar o ex-ministro Ricardo Salles, que pleiteava ser o candidato do PL, Tarcísio manifestou que não se colocaria contra o ex-presidente.

No desfecho, o governador conseguiu persuadir Bolsonaro a desistir do deputado federal e apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A opção de Tarcísio por permanecer neutro também ocorre em meio a especulações frequentes sobre uma possível migração para o PL. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, chegou a afirmar a jornalistas que o governador teria informado sua filiação em junho, o que até o momento não se concretizou.

O entorno de Tarcísio enfatiza que a mudança sequer está confirmada e não há pressa para tal movimento. No entanto, parlamentares do PL alegam que o governador sinalizou sua participação no partido, mas pretende aguardar o desfecho das eleições municipais.

No interior do estado, PL e Republicanos seguem com candidaturas próprias em algumas cidades como Lençóis Paulista, Marília, Itu, Sorocaba, Santos, Guarulhos e Campos do Jordão.

Em Santos, Tarcísio se encontra entre a deputada federal Rosana Valle (PL), que chegou a ser cogitada para ser sua vice e ocupar a secretaria estadual da Mulher, e o prefeito Rogério Santos (Republicanos).

No último domingo (14), Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro compareceram ao lançamento da candidatura da parlamentar. O governador não esteve presente no evento.

No final de maio, durante uma entrevista ao lado do prefeito, Tarcísio já havia anunciado que não tomaria partido nas eleições da cidade. “Não vou me envolver em polêmicas. Ponto final.”

Rogério Santos filiou-se ao Republicanos em outubro do ano passado, como pré-candidato, em um evento que também não contou com a presença do governador. Na ocasião da filiação, TarcísioAcolher um prefeito de uma cidade como Santos é motivo de grande orgulho. A parceria com o governo do estado promete gerar muitos benefícios.

O círculo próximo ao governador afirma que tanto Rosana quanto o prefeito demonstram competência, e a vitória de qualquer um deles seria bem-vinda.

Ao manter um aliado na cidade, Tarcísio enfraquece o ministro Márcio França (PSB), possível adversário na disputa pelo governo do estado em 2026 e que tem Santos como reduto eleitoral.

Figuras políticas com influência no interior revelam que o governador tem instruído grupos do PL e do Republicanos a unirem forças em uma candidatura única. Eles apontam que, até as convenções partidárias, esse movimento deve ocorrer em algumas cidades.

Membros do PL compartilham que a meta é lançar candidatos genuinamente alinhados à direita, comprometidos em apoiar Bolsonaro na Presidência em 2026 — ou, caso o ex-presidente permaneça inelegível, apoiar o candidato por ele indicado, sendo Tarcísio o principal cotado.

Políticos do estado veem nessas eleições municipais uma oportunidade para construir uma base para a próxima corrida presidencial, considerando a lacuna deixada no estado com o desmembramento do PSDB.

Até o momento, o Presidente Nacional do PSD e Secretário de Tarcísio, Gilberto Kassab, foi quem mais se beneficiou da fragmentação do PSDB.

Desta forma, a decisão do governador de manter neutralidade nessas cidades é vista como um ato de lealdade a Bolsonaro, também pensando em 2026.

Pré-candidatos do PL em municípios disputados têm tirado proveito da neutralidade do governador para obter ganhos políticos, utilizando sua imagem em postagens nas redes sociais.

“O governador afirmou que ficará neutro onde houver candidatos a prefeito do PL e Republicanos, não se envolvendo em nenhuma das campanhas”, divulgou José Antonio Marise (PL), pré-candidato a prefeito de Lençóis Paulista, juntamente com fotos em que cumprimenta Tarcísio.

O deputado estadual e pré-candidato em Itu, Rodrigo Moraes (PL), costuma compartilhar fotos com Tarcísio, enfatizando que faz parte da base na Assembleia e que atua em prol do governo. “É uma honra para mim trabalhar ao seu lado, fazendo a diferença na vida das pessoas”, escreveu em uma das publicações.

Em poucas cidades onde o PL e o Republicanos estão divididos, Tarcísio abriu uma exceção e escolheu um lado, como em Guarulhos, onde ele tenta promover seu líder de governo na Assembleia Legislativa, Jorge Wilson (Republicanos), conhecido como “Xerife do Consumidor”.

O governador chegou a articular para garantir o apoio de Bolsonaro a Wilson, mesmo o bolsonarismo tendo lançado outro nome, o vereador Lucas Sanches (PL).

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