Faltando menos de uma semana para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, a maior celebração do esporte internacional pode ser impactada por um cenário geopolítico delicado. Especialistas e historiadores apontam que esta edição está envolta em conflitos, sendo a mais afetada desde Los Angeles, em 1984, quando a antiga União Soviética boicotou os Jogos. As Olimpíadas sempre foram palco para manifestações políticas, como em Berlim, 1936, no auge do regime nazista, e em 1968, na Cidade do México, com a adesão dos atletas americanos ao movimento Black Power. Os Jogos em Paris acontecem em meio a duas grandes crises: a invasão russa na Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. A situação no leste europeu levou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a excluír as delegações da Rússia e de Belarus, permitindo a participação de atletas sob bandeira neutra, porém em menor número. Enquanto em Tóquio, 2021, competiram 330 russos e 104 bielorrussos, em Paris, os dois países juntos devem ter menos de 50 esportistas.
Para Jung, professor da Universidade de Edimburgo, o esporte pode ficar em segundo plano nestes Jogos. Ele enfatiza que esta é a primeira vez desde o fim da Guerra Fria que os Jogos ocorrem em meio a um conflito em que ambos os lados estão envolvidos de forma direta ou indireta. A polícia em Paris aumentou as medidas de segurança, restringindo o acesso às margens do rio Sena e instalando portões em pontos turísticos. O exército francês apoiará as operações de segurança, especialmente na cerimônia de abertura, com o fechamento do espaço aéreo de Paris.
Mesmo diante de todas as precauções, a atmosfera de tensão deve persistir, sem a possibilidade da tradicional trégua olímpica. A expectativa é que, apesar dos desafios, os Jogos Olímpicos de Paris consigam manter o espírito esportivo e a união entre os povos, mesmo em tempos de adversidade. A comunidade internacional aguarda com expectativa para ver como o evento se desenrolará em meio a um cenário tão complexo e desafiador.
*Com informações da repórter Livia Zanolini
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