**Líder do Hamas é Vítima de Assassinato em Teerã e Grupo Atribui Culpa a Israel**
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi declarado morto em Teerã nesta quarta-feira (31) pela Guarda Revolucionária do Irã e pelo movimento islamista palestino, que responsabilizou Israel pelo ataque. O Hamas está envolvido desde outubro de 2023 em um conflito contra Israel na Faixa de Gaza, região sob seu controle desde 2007, desencadeando-se a partir de um ataque sem precedentes de seus combatentes no sul do território israelense. Em comunicado, o movimento palestino afirmou: “O irmão, o líder, o mujahedin Ismail Haniyeh, líder do movimento, faleceu em um ataque sionista contra sua residência em Teerã, logo após participar da cerimônia de posse do novo presidente iraniano.”
Atualmente exilado entre Turquia e Catar, o líder do grupo islamista, aos 61 anos, viajou para Teerã para comparecer à cerimônia de posse do novo presidente iraniano, Masud Pezeshkian, na terça-feira. Por meio de uma mensagem em uma rede social, Pezeshkian expressou: “A República Islâmica do Irã defenderá sua integridade territorial, honra, orgulho e dignidade, fazendo com que os terroristas invasores se arrependam de suas ações covardes, em homenagem ao corajoso líder Haniyeh.” A Guarda Revolucionária do Irã anunciou que Haniyeh e um de seus seguranças foram mortos no ataque à residência, cuja origem ainda está sob investigação.
Diversos países, como Turquia, China, Rússia e Catar – este último atuando como mediador nas negociações por um cessar-fogo em Gaza – condenaram o assassinato e alertaram para o risco de uma escalada e propagação do conflito. A Turquia afirmou que o assassinato pretendia ampliar a guerra em Gaza para uma dimensão regional e condenou o ato como “desprezível”. Musa Abu Marzuk, membro do gabinete político do Hamas, classificou o ato como covarde e garantiu que não ficará impune. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, convocou os palestinos a manterem-se unidos e firmes contra a ocupação israelense.
Considerado um líder pragmático dentro do Hamas e mantendo boas relações com diversas facções palestinas, Haniyeh era reconhecido até mesmo por seus rivais. Após a notícia de sua morte, várias facções palestinas convocaram greves e protestos contra o assassinato, em repúdio ao “terrorismo de Estado sionista e sua guerra de extermínio”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu aniquilar o Hamas e resgatar todos os reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro que desencadeou o conflito em Gaza. Segundo dados oficiais israelenses, o ataque dos milicianos islamistas resultou na morte de 1.197 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel.O grupo Hamas, conforme relatado, também realizou o sequestro de 251 pessoas. De acordo com o Exército, acredita-se que 111 indivíduos ainda estejam em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que foram reportadamente vítimas fatais. Em resposta a esses eventos, Israel lançou uma campanha militar retaliatória em Gaza, resultando na morte de pelo menos 39.400 pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Haniyeh, membro do Hamas desde a sua formação em 1987, é filho de uma família que se refugiou em Gaza durante a criação do Estado de Israel. Ele assumiu a liderança política do grupo em 2017, já tendo ocupado o cargo de primeiro-ministro palestino após a vitória do movimento islamista nas eleições parlamentares de 2006. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã tem mantido o seu apoio à causa palestina como um pilar essencial de sua política externa. Autoridades iranianas elogiaram o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, porém negaram qualquer envolvimento direto do país. O movimento palestino faz parte do denominado “eixo da resistência”, juntamente com grupos aliados de Teerã, como o Hezbollah libanês e os rebeldes houthis do Iêmen.
Os confrontos entre os grupos pró-Irã e Israel têm se intensificado desde o início do conflito em Gaza, com ataques frequentes na fronteira entre o norte de Israel e o Líbano, assim como ações dos houthis contra cidades israelenses. Recentemente, na terça-feira, as forças armadas israelenses realizaram um ataque a um reduto do Hezbollah no sul de Beirute, resultando na morte de um comandante do grupo, acusado de ter participação em um ataque contra as Colinas de Golan, território ocupado por Israel, durante o final de semana. O Hezbollah confirmou nesta quarta-feira que seu comandante militar, Fuad Shukr, estava presente no prédio atingido pelos ataques israelenses, no entanto, não mencionou sua morte.
Este artigo foi publicado por Luisa Cardoso, com informações da Agence France-Presse (AFP).
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