No meio da controvérsia sobre a reeleição na Venezuela, Nicolás Maduro prometeu disponibilizar todas as atas eleitorais relacionadas à votação que o reconduziu ao poder. O anúncio surge em um momento de intensas críticas e alegações de fraude feitas pela oposição. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, declarou Maduro como vencedor de um terceiro mandato de seis anos, com 51% dos votos. No entanto, líderes opositores como MarÍa Corina Machado e o candidato presidencial Edmundo González Urrutia contestam os resultados, afirmando que foram os vencedores. Eles denunciam ações violentas contra seus membros, resultando em pelo menos 12 mortes, dezenas de feridos e mais de mil detenções desde o início da semana.
Em resposta às acusações, Maduro declarou estar disposto a apresentar “100% das atas” e se colocou à disposição para interrogatórios e investigações. Suas declarações foram feitas na sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), garantindo que as evidências de sua vitória serão apresentadas em breve. A oposição alega ter evidências de fraude eleitoral, divulgando cópias de 84% das atas de votação. MarÍa Corina Machado usou as redes sociais para criticar a repressão do governo, reportando 16 mortes durante os recentes protestos. Informações anteriores indicam 11 civis mortos, além de dezenas de feridos e um militar falecido, conforme o procurador-geral Tareck William Saab.
O CNE também denunciou uma invasão em seu sistema de votação, enquanto Maduro acusou a oposição de tentativa de golpe. A pressão internacional está crescendo, pedindo por uma recontagem dos votos e o fim da repressão. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, solicitou a divulgação dos dados eleitorais. O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu por uma investigação transparente. O G7 também exigiu clareza e transparência no processo eleitoral. O Centro Carter, convidado para observar as eleições pelo CNE, afirmou que o pleito não cumpriu os padrões internacionais de integridade eleitoral.
Diante das acusações, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, levantou a possibilidade de prisão de González Urrutia e Machado, acusando-os de incitar os protestos. Maduro advertiu que “a justiça será feita” em relação a González Urrutia. Líderes europeus como Josep Borrell e Pedro Sánchez fizeram apelos pelo fim das detenções e pela garantia dos direitos fundamentais dos venezuelanos. Enquanto isso, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, rejeitou a convocação para uma reunião pela OEA, criticando a imparcialidade da organização. Enquanto os protestos por uma revisão dos votos continuam, Caracas enfrenta uma quase paralisação, com comércios fechados e escassez no transporte público.
*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira
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