Boulos recicla ação da Haddad para cracolândia e quer GCM chegando ‘antes do crime’

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A candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo anunciará nesta quinta-feira (1º) as propostas de seu programa de governo, com destaque para a área de segurança. O tema tem sido utilizado por adversários para desgastar a imagem do candidato.

Uma das propostas de Boulos, caso seja eleito, é a utilização da Guarda Civil Metropolitana no policiamento próximo à população, com a criação de uma unidade específica para atuar na região da cracolândia, no centro da cidade.

A ideia de estabelecer uma inspetoria que abranja áreas como Luz, Campos Elíseos e Santa Ifigênia retoma uma iniciativa da gestão Fernando Haddad (PT), que criou em 2016 a Inspetoria de Redução de Danos. Essa ação contava com agentes treinados para lidar com dependentes químicos, promovendo tratamento médico e inserção no mercado de trabalho, substituindo abordagens mais repressivas.

O ex-secretário de Segurança Urbana na gestão de Haddad, Benedito Mariano, apoia a retomada dessa medida, ressaltando os bons resultados obtidos. Segundo ele, a equipe anterior conseguiu reduzir em até 50% os casos de furto e roubo na região.

Mariano planeja replicar esse modelo em outros locais da cidade que enfrentam problemas com o consumo de drogas, dos quais existem pelo menos 72 concentrações de dependentes na capital.

A proposta de Boulos inclui ainda a ampliação do efetivo da GCM, além de uma abordagem que valorize os direitos humanos, defendendo o uso de câmeras corporais pelos agentes, a exemplo do que ocorre com a Polícia Militar.

A segurança é uma questão central nessas eleições, sendo apontada em pesquisas como uma das principais preocupações dos cidadãos paulistanos. Boulos busca seguir uma linha de gestões anteriores consideradas progressistas, como a de Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad.

A campanha eleitoral em São Paulo está pegando fogo, sendo impulsionada por candidatos como José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo), que destacam a questão em seus discursos.

Segundo Mariano, a chave para prevenção está na atuação da GCM com policiamento comunitário em toda a cidade, construindo relações de confiança com moradores e comerciantes, o que será capaz de oferecer respostas à parcela da população amedrontada por furtos e roubos.

Ele afirma que essa abordagem vai resolver efetivamente o problema, já que a GCM chegará antes que o crime ocorra, criticando a atuação da corporação restrita ao centro expandido e exigindo descentralização até a periferia.

A candidatura de Boulos defenderá uma lógica de rondas da GCM que tenha as escolas da rede municipal como ponto central.

A proposta é fortalecer a segurança dentro e fora dos locais, com a promessa de ter uma viatura da guarda em cada unidade na entrada e saída dos alunos.

A meta é ter um GCM para cada mil habitantes, em média, e se aproximar do “número ideal” de 14.000 integrantes. Os novos concursos teriam equidade de gênero, dividindo as vagas entre homens e mulheres, para aumentar a presença feminina.

“Grande parte do efetivo estará dedicada a estabelecer o maior programa de segurança escolar na capital”, comenta Mariano, destacando que a iniciativa ajudará a “diminuir a sensação de insegurança”.

A elaboração do plano de governo para a área de segurança contou com a colaboração do coronel Alexandre Gasparian, ex-comandante da Rota (batalhão de elite da PM conhecido pela história de letalidade e truculência).

Gasparian “concorda com a lógica do policiamento de proximidade”, ecoando o discurso da candidatura de que o oficial da reserva está alinhado à visão de segurança preventiva e humanizada.

Outra bandeira de Boulos será reduzir roubos e furtos de celulares de forma substancial, através de uma força-tarefa contra a receptação envolvendo, além de órgãos municipais, as instâncias estadual e federal, com Polícias Militar e Civil, Receita e Polícia Federal.

Também está nos planos combater a violência contra a mulher adotando um programa de tolerância zero, com maior acesso ao auxílio-aluguel para vítimas e ampliação da Patrulha Guardiã Maria da Penha, hoje criticada pelo alcance limitado.

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