De acordo com os resultados de uma pesquisa divulgada recentemente, cerca de 57% dos cidadãos ucranianos acreditam que o país deveria iniciar negociações com a Rússia como uma maneira de encerrar o conflito gerado pela invasão iniciada pelo Kremlin. Por outro lado, 38% da população se mostra contrária a qualquer tipo de diálogo com a nação vizinha. Esta pesquisa, realizada em maio pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev e financiada pela cooperação dos Estados Unidos e da Suécia, revela uma divisão de opiniões entre os ucranianos em relação às negociações de paz.
Esta é a primeira sondagem publicada desde o início do conflito em que a maioria dos ucranianos se mostra a favor da abertura de negociações para acabar com a guerra. Além disso, 66% dos entrevistados afirmaram que a Ucrânia deve reaver todos os seus territórios, incluindo a Crimeia e as regiões orientais de Donetsk e Lugansk, onde os rebeldes pró-Rússia proclamaram a independência em 2014, durante a anexação da Crimeia pela Rússia, no Mar Negro.
Outros dados interessantes da pesquisa apontam que 74% e 76% dos entrevistados, respectivamente, rejeitam a possibilidade da Ucrânia desistir de sua busca por integrar a OTAN e a União Europeia em um eventual acordo de paz com a Rússia. O levantamento foi conduzido por telefone entre os dias 8 e 25 de maio, com a participação de mais de 2.500 adultos residentes em territórios ucranianos sob controle do governo de Kiev, selecionados de forma aleatória.
A ideia de negociar com a Rússia tem ganhado espaço no discurso oficial em Kiev e nas discussões públicas ucranianas, em meio aos avanços limitados, porém contínuos, da Rússia no campo de batalha e à falta de perspectivas visíveis para uma reversão da situação pelo Exército ucraniano.
Nos últimos dias, o presidente Volodymyr Zelensky e seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, têm mantido conversas públicas e diretas com líderes internacionais que defendem a negociação para pôr fim ao conflito o mais rapidamente possível, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Zelensky anunciou a intenção de apresentar um plano de paz detalhado até o final do ano, que poderá ser levado à Rússia após receber respaldo da comunidade internacional.
*Com informações da EFE
Por Marcelo Bamonte
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