Desde o dia 28 de julho até o momento, o ex-presidente Lula ainda não se pronunciou de forma contundente sobre a eleição contestada na Venezuela. Seria esperado que ele denunciasse o suposto roubo por Nicolás Maduro, porém, o silêncio persiste. Onde está a coragem para tomar tal posição?
Lula poderia afirmar que não reconhecerá a suposta vitória de Maduro, a menos que haja evidências convincentes e não manipuladas que comprovem sua vitória. No entanto, a postura do ex-presidente parece ser não se posicionar de forma clara e inequívoca.
Em relação à nota oficial do PT parabenizando Maduro pela reeleição, Lula discordou publicamente do conteúdo, afirmando que não concorda com a posição do partido. No entanto, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nega ter consultado Lula antes de emitir a nota, levantando questionamentos sobre a real autonomia de decisão do partido em relação a Lula.
Apesar de não fazer parte da direção do PT, Lula ainda exerce grande influência sobre as decisões do partido, que evita divergir abertamente de suas opiniões. Lula afirmou que a situação na Venezuela deve ser resolvida internamente, exclusivamente pelos venezuelanos, reforçando sua posição de não interferência externa.
Questionado sobre a transparência das eleições na Venezuela, Lula pediu pela divulgação efetiva dos números e dos detalhes do processo eleitoral. Enquanto a oposição venezuelana alega ter evidências que contestam a vitória de Maduro, o ex-presidente prefere não se posicionar de forma clara e incisiva.
Quanto à caracterização do regime venezuelano, Lula evita utilizar o termo “ditadura”, optando por descrevê-lo como um governo com viés autoritário. No entanto, a concentração de poderes nas mãos de Maduro, que controla o Executivo, Legislativo, Judiciário e as Forças Armadas, demonstra um cenário de forte autoritarismo e falta de independência dos poderes.
Se as circunstâncias fossem outras no Brasil, Lula seria capaz de classificar um governo com características semelhantes de forma mais incisiva? A questão levanta dúvidas sobre a coerência de suas análises e posicionamentos em relação a regimes autoritários.
O ex-presidente Lula tem evitado abordar a questão venezuelana de forma clara e assertiva. Diante da complexidade do cenário político no país vizinho, seria esperado que uma liderança política expressasse sua posição de forma mais enfática e consistente.
Lembrando a famosa frase dirigida a Hugo Chávez, “Por que não te calas?”, proferida pelo rei Juan Carlos I da Espanha, talvez seja hora de Lula refletir sobre a pertinência de suas declarações e a necessidade de se posicionar de maneira mais clara diante de um tema tão sensível e atual.
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