Os furtos e roubos de celulares desempenham um papel determinante na estratégia de direcionamento da Polícia Militar na cidade de São Paulo. A capital paulista registrou uma média de quase 5.000 roubos por 100 mil habitantes entre 2019 e 2023, com até 71 mil ocorrências na região central.
O coronel Pedro Luís de Souza Lopes, chefe do Centro de Inteligência da corporação, destacou que o roubo de celulares é um indicador crucial para a localização das viaturas. Durante o Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em Recife (PE), ele afirmou que em São Paulo, esse tipo de crime é mais notificado do que qualquer outro, tornando-se uma referência confiável para a atuação policial.
No passado, os roubos de celulares eram muito notificados devido ao seguro dos aparelhos, chegando a atingir 30% em algumas áreas da capital paulista, segundo estimativas da PM. Atualmente, o número de notificações diminuiu significativamente. A corporação utiliza informações sobre os locais dos crimes para realocar seu efetivo, contando com o auxílio de um sistema de análise criminal chamado CompStat.
Segundo Lopes, “no geral, diariamente, é o crime contra o patrimônio que influencia a distribuição dos recursos no território”.
Exemplo do Piauí
O Piauí tem se destacado no combate ao furto e roubo de celulares. O delegado Filipe Bonavides compartilhou a experiência do estado durante o evento em Recife. A polícia piauiense desenvolveu um programa para analisar e agrupar dados sobre esses crimes, estabelecendo uma parceria com o Poder Judiciário para incluir milhares de telefones em uma única investigação, evitando a abertura de processos para cada aparelho roubado.
A partir do fornecimento e cruzamento de informações, como o IMEI – um número que funciona como o “RG” ou “chassi” do celular – as operadoras de telefonia são legalmente obrigadas a fornecer a localização dos aparelhos. Isso permite notificar quem está de posse de um celular roubado ou furtado, levando à sua devolução às vítimas. Até o mês passado, o governo piauiense já havia recuperado 6.000 telefones.
Essa iniciativa pode servir de inspiração para São Paulo. Lopes afirmou: “Na minha apresentação para o Ministério Público, destaquei essa iniciativa como um modelo a ser seguido. Qualquer ação realizada antes desse acordo seria um desperdício de recursos. Temos a tecnologia, a rede e os recursos necessários para implementar algo semelhante”.
O custo é bastante acessível”, declarou o especialista. Além da estratégia implementada no estado do Piauí, o chefe da área de inteligência da Polícia Militar em São Paulo está buscando aprovação junto à Anatel para uma proposta que poderia agilizar até cinco vezes o bloqueio de dispositivos após um roubo. Nesse sentido, bastaria a vítima acionar o número 190 para que o aparelho fosse imediatamente inutilizado para os criminosos, protegendo assim seus dados.
“Acredito que a comunicação via 190 deveria ser suficiente para efetuar o bloqueio do aparelho. Mas o que recebemos como retorno da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações]? Foi que seria arriscado permitir um bloqueio precoce, pois poderia gerar desconforto para quem comunica o incidente sem ter certeza de que o celular foi roubado”, mencionou o especialista.
De acordo com o coronel, tal preocupação não é justificada. “Se o proprietário ficar com o aparelho bloqueado, posteriormente poderá solicitar o desbloqueio. Não posso submeter a todos a esse sofrimento, esse risco, essa situação, simplesmente porque alguns indivíduos não são cuidadosos com seus dispositivos e realizam a comunicação de forma prematura”, afirmou.

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