Tabata aumenta tom nas redes e tenta surfar em ‘efeito Marçal’

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com um desempenho aquém do esperado nas pesquisas de intenção de voto até o momento, Tabata Amaral (PSB) decidiu elevar o tom nas redes sociais em relação ao seu oponente Pablo Marçal (PRTB) e planeja adotar uma abordagem mais agressiva ao denunciar outros candidatos à Prefeitura de São Paulo no futuro.

Em um material de campanha divulgado na noite de quinta-feira (22), a candidata expõe as conexões de aliados do autodenominado ex-coach com o tráfico de drogas e com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

A estratégia agora é se preparar para sempre apresentar “uma proposta e uma crítica construtiva”.
“Estamos em uma campanha de oposição, então é natural que abordemos questões relacionadas à gestão dos demais candidatos”, afirma o marqueteiro Pedro Simões.

Além de adotar uma postura mais beligerante nas redes sociais contra Marçal, Tabata enfrenta outros obstáculos em sua campanha: melhorar seu nível de reconhecimento, que atualmente está em 61%, e convencer os eleitores a acreditarem na ascensão de sua campanha.

A equipe percebe que muitos eleitores reconhecem a preparação da candidata, porém duvidam de sua viabilidade eleitoral, já que ela ocupa a quinta posição nas pesquisas de intenção de voto, com 8% no último levantamento Datafolha.

Assim como evidenciado em suas redes sociais contra Marçal, nos debates ela se apresenta como uma candidata propositiva, sem, no entanto, deixar de questionar os adversários – com exceção do jornalista José Luiz Datena (PSDB), com quem busca uma possível aliança em caso de desistência ou segundo turno.

A estratégia da equipe da deputada é que ela adquira visibilidade nas próximas semanas e comece a angariar votos apenas no desfecho da campanha.

Pessoas próximas a Tabata acreditam que o impacto de Pablo Marçal nas redes sociais pode antecipar esse plano. Isso porque, apesar de atacar a candidata veementemente durante a campanha, o autodenominado ex-coach consegue atrair atenção para os debates, despertando curiosidade e engajamento nas redes sociais.

Entre os ataques à deputada federal, ele já a rotulou como “para-choque de comunista”, alegando que ela só consegue se dedicar à campanha por não ter marido nem filhos, além de responsabilizar a família dela pela morte do pai.

A campanha de Tabata considera que o autodenominado ex-coach é prejudicial ao debate político e é visto como um candidato que seleciona seus ataques a Tabata para atingir um eleitorado misógino.

“É como se ele dissesse [aos eleitores], ‘se você é contra as mulheres, o candidato ideal sou eu’. Isso ressoa entre homens jovens e conservadores. Nesse contexto, Tabata surge como uma antagonista natural e os embates a colocam mais em evidência”, analisa Simões.

O marqueteiro observa que as redes sociais de Tabata registram até 60% de comentários negativos, mas, ao desconsiderar as ofensas dos seguidores de Marçal, o percentual cai para cerca de 35%. “Isso não é necessariamente negativo, na dinâmica da internet isso gera relevância e atrai atenção para ela também. Para o eleitor externo, fica claro a diferença entre um candidato melodramático e outro mais assertivo.”

Embora a discussão de propostas seja o cerne dos debates, são as polêmicas e provocações entre os concorrentes que se tornam virais e captam a atenção do público.

Tabata gosta de se preparar para sempre se posicionar de forma firme e clara, justamente para destacar suas propostas e confrontar eventuais ataques vindos de seus oponentes, a fim de angariar o apoio do eleitorado em São Paulo.

Durante os debates em simulações, a equipe interpreta os adversários da candidata, enfrentando diversas perguntas e provocações que surgem nesses embates.

O marqueteiro menciona que a candidata prefere realizar duas rodadas de preparação nos dias anteriores aos debates. Simões descreve a candidata como combativa, enfatizando que a ideia de que as pessoas desejam assistir aos debates para ouvir propostas é uma ilusão. Segundo ele, a estratégia de provocação é essencial, pois sem ela, os debates podem cair em questionamentos previsíveis que não levam a lugar algum.

O marqueteiro compara essa estratégia à lógica das redes sociais, afirmando que se um vídeo contendo apenas propostas for divulgado, não terá a mesma repercussão.

Entre as alfinetadas que a candidata já direcionou desde o início dos debates, destaca-se a sugestão do slogan “Rouba e Não Faz” para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o que levou a uma solicitação de direito de resposta por parte dele nos posts em que a candidata replicou o irônico slogan.

Essa solicitação foi acatada pela juíza Claudia Barrichello, que considerou a fala da candidata como uma ofensa à honra do candidato autor, enquadrando-a no crime de veiculação de mensagem injuriosa.

Além de Nunes, Marçal também foi alvo das críticas da deputada federal, que buscou associar o candidato ao ex-prefeito e ex-governador João Doria, mencionando nomes da equipe do candidato do PRTB que foram secretários do ex-tucano. Ela chegou a comentar: “Até a calça dele [Marçal] já está mais apertadinha”, em referência ao apelido “calça apertada” que Doria recebeu de seus críticos.

**ACENO A DATENA**

O relacionamento da candidata com o jornalista José Luiz Datena teve altos e baixos desde o início da pré-campanha, quando ela o incentivou a se filiar ao PSDB para ser seu candidato a vice, mas ele acabou sendo escolhido como candidato do partido.

Após a turbulência, ambos afirmam que o assunto foi superado e elogiaram um ao outro em entrevistas. Datena, em entrevista à CNN Brasil, chamou a deputada federal de “menina brilhante” e destacou que acredita em seu grande futuro na política. Por sua vez, Tabata afirmou no Roda Viva, da TV Cultura, que identifica semelhanças entre sua trajetória e a de Datena, que, segundo ela, entrou na eleição com o objetivo de fazer a diferença.

O pleito municipal dividiu a militância do PSDB em São Paulo em três blocos: os que apoiam Datena, os que seguem com Nunes e os que optaram por apoiar Tabata. Lideranças do partido não consideram a possibilidade de apoiar Nunes no segundo turno, caso Datena seja eliminado. José Aníbal, presidente do PSDB em São Paulo, afirmou que a aliança de Nunes com Jair Bolsonaro constrangia o partido.

Datena, por sua vez, já adiantou que não pretende apoiar nenhum candidato no segundo turno, embora tenha elogiado a postura de Tabata, afirmando que a admira genuinamente.

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