Candidato Opositor da Venezuela Será Intimado para Depor em Investigação
No último dia 23 de agosto, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou aos meios de comunicação que Edmundo Gonzalez Urrutia, candidato da oposição que alega ter vencido as contestadas eleições presidenciais de 28 de julho, será intimado pelo Ministério Público do país para prestar depoimento em uma investigação criminal.
No dia 23 de agosto, os Estados Unidos e outros dez países da América Latina rejeitaram a validação pela Justiça venezuelana da reeleição de Nicolás Maduro, de acordo com uma declaração conjunta divulgada em Quito.
“Nas próximas horas, o cidadão Edmundo Gonzalez Urrutia será intimado por este Ministério Público”, declarou Saab, ressaltando que o site onde a oposição publicou os resultados eleitorais “usurpou” o papel do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Ele deve comparecer a esta convocação para se explicar (…) sobre sua responsabilidade antes, durante e após o dia 28 de julho, por sua obstinação e desobediência às autoridades legitimamente constituídas”, acrescentou o magistrado, enfatizando que “ele terá que assumir a responsabilidade”.
O procurador acusa a oposição de promover atos de violência após as eleições. Os protestos que eclodiram após o anúncio da reeleição de Maduro foram duramente reprimidos pelo governo, resultando em 27 mortes, 192 feridos e 2.400 detidos, de acordo com fontes oficiais.
Em 6 de agosto, a promotoria iniciou investigações por diversos crimes, incluindo “usurpação de funções, divulgação de informações falsas, incitação à desobediência às leis, incitação à insurreição e associação criminosa” contra Gonzalez Urrutia e a líder da oposição Maria Corina Machado.
Gonzalez e Machado foram acusados de “anunciar um vencedor falso das eleições presidenciais (…) e incitar abertamente policiais e soldados à desobediência”, conforme comunicado de imprensa do promotor no início de agosto.
Opositores Vivem em Semiclandestinidade
Desde o início do mês, os dois líderes da oposição vivem em semiclandestinidade. Gonzalez Urrutia não é visto em público há quase três semanas.
No dia 22 de agosto, o Supremo Tribunal validou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de 6 anos, indicando que encaminhou o caso de Gonzalez Urrutia para a acusação, uma vez que ele não compareceu quando convocado anteriormente pelo Supremo Tribunal.
Nicolás Maduro, de 61 anos, foi proclamado vencedor com 52% dos votos pela Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), a qual não divulgou as atas das seções de voto, citando ter sido alvo de pirataria informática.
A explicação do governo é vista como pouco convincente pela oposição e por diversos observadores, que interpretam como uma estratégia de Maduro para impedir a divulgação da contagem precisa dos votos.
De acordo com a oposição, que tornou públicas as atas obtidas através de seus mesários, Edmundo Gonzalez Urrutia saiu vitorioso na votação com mais de 60% dos votos.
Sem apresentar as atas, o Supremo Tribunal assegurou ter verificado os relatórios fornecidos pelos governantes, assim como a veracidade do ataque informático contra a CNE.
### Países rejeitam decisão do STJ
O governo venezuelano considerou na sexta-feira que a rejeição de 11 países à decisão do STJ como um “ato inadmissível de intromissão”. A maioria dos observadores internacionais enxerga o tribunal como subserviente ao poder.
Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Estados Unidos declaram que “rejeitam categoricamente o anúncio do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela que alega ter concluído uma suposta verificação dos resultados do processo eleitoral”.
Os Estados Unidos afirmaram em uma declaração separada na sexta-feira que a decisão do Supremo Tribunal “carece totalmente de credibilidade, diante das evidências contundentes de que Gonzalez recebeu o maior número de votos em 28 de julho”.
“A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada”, completa Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, no comunicado à imprensa.
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