“Liga da Justiça”: Áudios revelam prática de agiotagem por juízes e promotor de Porto Seguro

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Investigações em curso pela Polícia Federal, Ministério Público da Bahia (MP-BA), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) revelaram que os juízes envolvidos no esquema denominado “Liga da Justiça” também atuavam como agiotas em Porto Seguro. Essa atividade ilegal foi identificada pela Corregedoria-Geral de Justiça (CGJ) do TJ-BA após uma investigação na comarca do sul do estado.

Neste último domingo (25), uma reportagem veiculada no Fantástico, programa da Rede Globo, trouxe à tona áudios e mensagens que implicam os magistrados André Marcelo Strogenski, da 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais; Fernando Machado Paropat Souza, da 1ª Vara dos Feitos Relativos às Relações de Consumo, Cíveis, Comerciais, Consumidor e Registro Público; e Rogério Barbosa de Sousa e Silva, da Vara da Infância e Juventude e Execução de Medidas Sócio-Educativas, em transações de empréstimos com termos especiais.

Em uma das mensagens, o empresário Henrique Nolasco, apontado como operador do esquema, menciona: “Se o senhor tiver talvez entre 30 e 50 mil naquele negócio daquela taxa a dois por cento pra mim, se o senhor tiver é capaz de eu precisar”, em uma comunicação enviada ao juiz Fernando Machado Paropat.

Outra mensagem revela menção ao promotor do MP-BA, Wallace Carvalho, também implicado na “Liga da Justiça”. Henrique Nolasco afirma: “Eu não tava querendo mexer com o doutor Wallace porque o juro dele é maior, entendeu? Em torno de 3, 3 e meio, e lá no outro eu ia conseguir menos”.

Conversas obtidas pelo Fantástico entre Henrique Nolasco e uma servidora do TJ-BA continuam expondo o esquema de agiotagem envolvendo os juízes. A servidora questiona: “Será que Dr. Wallace não tem dinheiro nenhum para emprestar? Seria uns 10 mil, o que puder”. E Henrique responde: “Wallace falou que comprou um imóvel. Vou tentar Dr. Rogério”.

Além disso, o grupo é acusado de envolvimento em grilagem de terras no sul da Bahia. Documentos da Corregedoria-Geral do TJ-BA apontam a aquisição de uma área de 60.000m² por parte de magistrados, um promotor de Justiça e um advogado, resultando em uma sociedade em um empreendimento imobiliário com 76 lotes individualizados, sendo 8 destinados a cada um dos juízes.

A apuração ainda revelou que o empreendimento estava totalmente vendido, com exceção de um lote de 4.000m², onde está localizado o empreendimento “Arraial Costa Verde”.

Uma ata da correição realizada pela CGJ destaca que um dos arquivos inspecionados indicou a elevação patrimonial de “pessoas politicamente expostas”, incluindo magistrados e o promotor.

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