A França está sem liderança governamental há quase sessenta dias, devido à postura inflexível de Emmanuel Macron diante do resultado das eleições parlamentares, das quais seu partido, Renascimento, saiu derrotado como previsto. Macron, presidente da França, tornou-se o mais impopular de todos os presidentes da Quinta República, criada em 1958.
O partido Nouveau Front National, liderado pela esquerda radical em coalizão com os socialistas, obteve a maioria relativa na Assembleia Nacional. Dado o apoio mútuo entre o Renascimento de Macron e o Nouveau Front National para impedir a vitória do Rassemblement National, partido de extrema direita, era esperado que o presidente buscasse uma composição com a esquerda e indicasse um primeiro-ministro desse espectro político.
No entanto, Macron recusa-se a adotar essa postura. O presidente tentou formar alianças com os socialistas e os republicanos de centro-direita, mas ambos resistem em se juntar ao líder impopular, cujo partido encolheu após as eleições legislativas, graças à aliança informal com a esquerda radical. Há receios de associação futura nas eleições presidenciais de 2027.
Inicialmente, Macron usou os preparativos para os Jogos Olímpicos de Paris como desculpa para adiar a nomeação de um novo primeiro-ministro. Agora, sem justificativas plausíveis, a recusa em indicar um primeiro-ministro da maioria relativa, sob a alegação de falta de maioria absoluta, não se sustenta. O presidente deve nomear alguém da maioria relativa para tentar formar um governo viável, podendo substituí-lo se necessário, mantendo a institucionalidade.
A recusa em respeitar a maioria relativa compromete a democracia francesa e o sistema semipresidencialista, que prevê a coabitação, com um presidente e um primeiro-ministro de partidos opostos, se assim decidido pelos eleitores.
A atitude de Macron mergulhou a França em uma crise política que se aprofunda com sua recusa em aceitar as condições necessárias para a formação de um governo estável.
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