O velório de Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru, terá início nesta quinta-feira. Keiko Fujimori, filha do ex-presidente peruano, fez o anúncio pelo Twitter de que o velório acontecerá a partir desta quinta-feira (12) no Museu da Nação, com o funeral programado para sábado (14). Ela escreveu: “Esperamos todos que queiram se despedir dele pessoalmente”. O governo decretou luto nacional nos dias 12, 13 e 14 de setembro e confirmou que Fujimori receberá “as honras fúnebres que correspondem a um presidente em exercício”. Fujimori governou o país com mão de ferro entre 1990 e 2000 durante as sangrentas guerrilhas maoistas. Em dezembro do ano passado, ele recuperou sua liberdade após passar 16 anos em uma prisão específica para ex-presidentes no leste de Lima. O conflito interno, denominado oficialmente de “guerra contra o terrorismo”, resultou em mais de 69 mil mortes e 21 mil desaparecidos no período entre 1980 e 2000, sendo a maioria dos afetados civis, conforme relatado por uma comissão da verdade.
Alberto Fujimori cumpria uma sentença de 25 anos por sequestro, desaparecimento forçado, homicídio e outras violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado. Sua libertação foi ordenada pela justiça por razões humanitárias, o que gerou diversos debates. Juana Carrión, presidente da Associação Nacional de Familiares Sequestrados, Detidos e Desaparecidos do Peru, expressou: “Ele tinha que pagar por sua culpa, mas agora que morreu, o que se pode fazer… Não cumpriu sua pena”.
“Autoritário e populista”, assim Alberto Fujimori foi descrito pela Presidência peruana, que lamentou publicamente seu falecimento e enviou condolências à família. O chefe de gabinete ministerial, Gustavo Adrianzén, anunciou que irá coordenar com a família os detalhes do funeral. Fujimori, de ascendência japonesa, é reconhecido como um precursor de um estilo político na América Latina, conforme afirmou o analista político Augusto Álvarez. Ao vencer o escritor Mario Vargas Llosa nas eleições, ele introduziu um modelo político “autoritário e populista” que influenciou vários países da região, tanto de esquerda quanto de direita.
A saúde de Fujimori sofreu uma rápida deterioração na última semana, após concluir um tratamento de radioterapia na boca em agosto. Na última quinta-feira, ele foi visto publicamente saindo de uma clínica em Miraflores, após realizar um exame de tomografia. Em julho, sua filha Keiko anunciou que ele concorreria às eleições presidenciais de 2026. Em maio, Fujimori revelou ter sido diagnosticado com um tumor maligno na língua, após mais de 27 anos lutando contra uma lesão cancerígena no mesmo órgão. A notícia de seu falecimento se espalhou rapidamente nas redes sociais, onde simpatizantes e críticos expressam suas homenagens e opiniões. Fujimori ficou conhecido por derrotar a guerrilha maoista do Sendero Luminoso e foi condenado a 25 anos de prisão por massacres de civis cometidos por um esquadrão do Exército durante a luta contra o grupo armado nos anos 90.O governo autoritário de Fujimori foi estabelecido em 1992, quando ele dissolveu o Congresso e convocou uma Assembleia Constituinte que possibilitou sua reeleição em 1995 e 2000, após a aprovação de uma Constituição feita sob medida para seu governo. Em abril de 1997, a operação de resgate de reféns na embaixada do Japão, que durou 122 dias e resultou na morte de 14 criminosos, um refém e dois soldados, o elevou à condição de herói aos olhos de muitos peruanos. Em novembro de 2000, confrontado com crescentes acusações de corrupção e violações dos direitos humanos, Fujimori fugiu para o Japão, onde permaneceu por vários anos.
O chefe de gabinete do governo japonês, Yoshimasa Hayashi, declarou nesta quinta-feira que o país “jamais esquecerá os esforços feitos pelo ex-presidente Fujimori” durante o resgate dos reféns. No entanto, ele também reconheceu que há “interpretações divergentes” sobre o seu mandato, especialmente em relação ao fato de ter sido condenado por violações dos direitos humanos e ter sido preso.
Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP
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