A luta pelo aumento na remuneração dos cordeiros que atuam no Carnaval de Salvador ganhará um novo capítulo no próximo mês. Está marcada para o dia 5 de dezembro uma reunião com os responsáveis pelos blocos que desfilam na folia baiana para definir reajustes no pagamento dos profissionais da festa.
De acordo com Matias Santos, presidente da Associação dos Trabalhadores Cordeiros da Bahia (Sindcorda), o sindicato tentará, novamente, aumentar o valor da remuneração para R$ 150, o mesmo que foi proposto em 2024 e recusado.
“A gente vai propor a diária de R$ 150. Os blocos vão alegar dificuldades, mas a gente vai propor até chegar a um valor acessível. Vamos bater na questão do seguro obrigatório, os blocos vão ter que realmente garantir a questão do seguro para a categoria e propor melhores condições de trabalho. Vamos atrás da prefeitura também, que recebe recurso das grandes cervejarias, para auxiliarem a nossa causa.”
Ao site, Matias afirmou que houve uma queda no número de profissionais na rua em 2024 e a motivação foi a remuneração estacionada. Estima-se que atualmente 17 mil cordeiros atuem na função no Carnaval de Salvador. Na criação do sindicato, em 2001, o número estimado era de 50 mil profissionais atuando e, desde então, o número vem caindo devido às condições de trabalho.
“A gente percebeu uma baixa de cordeiro nas ruas pela questão do valor. Hoje o cordeiro não quer ganhar 50 reais, 80 reais. O cordeiro quer ser valorizado para melhorar a questão do poder de compra. Hoje não se compra quase nada com 80 reais. O que a pessoa faz, trabalhando de 6 a 8 horas na rua para voltar para casa com R$ 60?”, questionou.
O valor mínimo definido para a folia neste ano foi de R$ 60 e alguns blocos decidiram pagar um valor a mais. De 2020 para 2024, o reajuste foi de R$ 7. “A pandemia também desvalorizou muito a questão da diária, precisa-se ter um upgrade para que as pessoas possam segurar a corda”.
Para o Carnaval de 2025 em Salvador, 21 blocos já estão confirmados para desfilar na festa, entre eles trios com abadás que vão de R$ 210 a R$ 1.890.
O presidente do Sindcorda se mantém positivo quanto a uma resolução para a questão da remuneração. Desde o final de 2023, o Sindcorda tem voz ativa no Conselho Municipal do Carnaval após a aprovação de uma emenda à Lei Orgânica do Município, que garante a presença de catadores de materiais recicláveis e cordeiros no Comcar.
De acordo com o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), que propôs a inclusão da categoria, a iniciativa tinha como proposta cumprir a determinação de uma gestão democrática do Carnaval, garantindo a representatividade de todos os envolvidos nos processos administrativos e financeiros das festas populares e “dar voz a segmentos historicamente invisibilizados”.
Apesar da inclusão, em 2024, Matias afirmou que promessas básicas firmadas em acordos prévios não foram cumpridas, como, por exemplo, a camisa UV e uma alimentação reforçada. A expectativa para o Carnaval de 2025 é que essas reivindicações sejam atendidas.
“A esperança é a última que morre. É um cenário de muita luta ainda, muita luta, porque para se arrancar um valor digno tem sido algo muito difícil. E a gente precisa conscientizar esses empresários que os profissionais precisam de um valor justo, um valor que atenda a categoria, que os cordeiros tenham o poder de compra, que tenham o seguro, que ele não faça um papel de duplicidade. Que não precise largar a corda para catar latinha ou então larga a corda no meio de um percurso, pega outro bloco e fazer uma migração.”
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