O deputado federal José Rocha revelou que o atrito com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, começou devido a interferências de Lira nas comissões internas da Câmara e ameaças subsequentes. Em entrevista à Antena 1 no Bahia Notícias No Ar, nesta segunda-feira (30), Rocha, presidente da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara, afirmou que Lira chegou a ameaçar removê-lo do cargo.
“A minha relação com Arthur Lira foi interrompida quando ele me ligou fazendo ameaças sobre emendas de comissão”, disse Rocha. “Em uma ligação, ele afirmou que eu poderia perder a presidência da comissão por uma moção de desconfiança da minha bancada e demitiu a secretária da minha comissão. Isso porque segurei os ofícios que ele enviava, acompanhados de planilhas do Ministério, sem as devidas identificações do autor, objeto e beneficiário, informações básicas de transparência que devem seguir nesse processo”, detalhou.
A necessidade de identificar os autores e beneficiários de emendas parlamentares ou de comissão surgiu após decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. Rocha também mencionou que Lira agiu em desacordo com as recomendações da Corte.
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As declarações de Rocha chamaram a atenção após ele ser convocado pela Polícia Federal para depor no inquérito que investiga irregularidades no encaminhamento das emendas parlamentares. Segundo Rocha, Lira teria impedido as comissões de realizar reuniões e elaborar atas com descrições dos recursos enviados ao Planalto.
Rocha tentou realizar uma reunião da Comissão de Integração Nacional em novembro, mas foi interrompido por Lira. “Eu convoquei uma reunião da Comissão de Integração Nacional para debater essas emendas, essas propostas e lavrar uma ata. Quando estávamos em reunião, Lira emitiu um ato do mesa cancelando todas as reuniões de comissões, impossibilitando nossa comissão de cumprir o que o Supremo Tribunal Federal determinava”, explicou.
“Ele enviou as informações para o Flávio Dino afirmando que todas as exigências do STF haviam sido cumpridas, quando na realidade não foram”, concluiu.

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