São Paulo — Além dos preocupantes números da dengue, com aproximadamente 49 mil casos confirmados e 21 óbitos apenas no primeiro mês de 2025 em São Paulo, outra doença vem despertando o alerta das autoridades: a febre amarela. Neste ciclo silvestre (veja mais abaixo), registram-se oito casos e quatro mortes, um cenário mais grave do que em todo o ano de 2024, quando houve apenas dois casos e um óbito.
Esses números representam o maior registro desde 2019, quando a Secretaria de Saúde contabilizou 64 doentes e 10 óbitos. É importante ressaltar que, entre os casos atuais, os pacientes não tinham sido vacinados contra a febre amarela.
Infecções em São Paulo
Dos casos confirmados, quatro tiveram como local provável de infecção a cidade de Socorro, outros dois em Joanópolis, um em Tuiuti, e um caso importado, com local de infecção em Itapeva, Minas Gerais.
A gravidade da situação fez com que a Secretaria de Saúde solicitasse ao Ministério da Saúde, no dia 30/1, mais 6 milhões de doses de vacina contra a febre amarela para todo o estado. O objetivo é imunizar a população não vacinada, incluindo a região metropolitana, após a confirmação de mais um caso em primata, em uma região de mata, em Osasco.
“A vacinação é a principal forma de prevenção. Por isso, estamos tomando medidas em conjunto com os municípios e lançando uma campanha de conscientização para que a população não vacinada busque atendimento em unidades de saúde e receba a vacina”, ressaltou Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças na Secretaria de Saúde.
O governo federal já enviou 300 mil doses da vacina para São Paulo nesta semana e planeja enviar mais um milhão na próxima semana. A meta é alcançar uma cobertura vacinal de 95%, visto que a atual taxa é de 80%, abaixo do ideal.
Ciclos da Febre Amarela
- A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução rápida e gravidade variável, sendo letal em suas formas graves, de acordo com o Ministério da Saúde. Os sintomas iniciais incluem febre, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo, vômito, entre outros.
- A doença é causada por um vírus transmitido por mosquitos e possui dois ciclos de transmissão: urbano e silvestre. No ciclo urbano, a transmissão ocorre por vetores urbanos, como o Aedes aegypti, infectados. Já no ciclo silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes são os vetores, e os primatas não-humanos atuam como hospedeiros, ampliando o vírus. Assim, nesse ciclo, o risco é maior para pessoas em áreas rurais que recebem turistas para acampamentos, trilhas e outras atividades.
- Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então são provenientes do ciclo silvestre de transmissão.
Vacinação
A vacina é a principal arma na prevenção da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina para toda a população. Desde abril de 2017, o Brasil adotou o esquema de vacinação com apenas uma dose ao longo da vida, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A febre amarela é endêmica no Brasil, com períodos de aumento de casos ocorrendo regularmente. Fatores como a queda na cobertura vacinal, mudanças ambientais e climáticas podem contribuir para a ressurgência da doença. A diminuição da imunização da população facilita a propagação do vírus em áreas anteriormente controladas”, explicou Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de crianças menores de 5 anos em duas doses: a primeira aos 9 meses e a segunda aos 4 anos. Já para pessoas a partir dos 5 anos, é necessária apenas uma dose da vacina.
Todos aqueles que residem em áreas com indicação da vacina contra a febre amarela, assim como aqueles que pretendem viajar para essas regiões, devem se vacinar pelo menos 10 dias antes da viagem.
“A vacina contra a febre amarela leva 10 dias para criar imunidade. Por isso, aqueles que planejam viajar para áreas florestais, acampamentos, trilhas ou cachoeiras devem se vacinar o quanto antes”, ressaltou Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças na Secretaria de Saúde de São Paulo.
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