Cientistas desvendam segredos de caixões egípcios milenares

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Há aproximadamente 2,7 mil anos, no Egito Antigo, um homem conhecido como Pakepu ocupava o cargo de “derramador de água a oeste de Tebas”, responsável pela administração dos rituais funerários na famosa cidade. Após sua morte, Pakepu foi sepultado em um par de caixões de madeira lacrados com uma mistura de pastas rosa e branca, atualmente sob análise inédita.

Os restos de Pakepu estão atualmente alojados no Fitzwilliam Museum, da Universidade de Cambridge (Inglaterra). Seu “invólucro eterno” consiste de dois caixões, um dentro do outro, designados como caixão interno e intermediário. De acordo com o museu, as responsabilidades do “derramador de água” incluíam a execução de rituais funerários e a manutenção dos túmulos.

Esfinge e duas pirâmides do Egito
Túmulos egípcios possuem grandes segredos (Imagem: FrentaN/Shutterstock)

Descobertas Sobre o Selamento dos Caixões Egípcios

  • Em uma nova pesquisa publicada no Journal of Archaeological Science: Reports sobre os caixões de Pakepu, uma equipe de cientistas observou que as pastas utilizadas apresentavam variações em sua composição e qualidade, sugerindo que eram feitas por diversos artesãos em diferentes oficinas;
  • Foi identificado que as “pastas rosa” eram usadas para preencher espaços nas estruturas de madeira, enquanto as “pastas brancas” tinham o propósito de preparar a superfície para a pintura dos caixões;
  • Uma terceira variante de pasta branca, exclusiva do caixão interno, foi empregada na produção de um material similar ao cartonagem – composto de folhas de linho ou papiro unidas com gesso, moldado como papier-mâché, utilizado na criação de máscaras funerárias e caixas de múmias;
  • Pesquisas anteriores já haviam analisado a composição das pastas e argamassas usadas no Egito Antigo;
  • Algumas dessas substâncias eram gesso legítimo – formado por cal e gipsita aquecidas –, enquanto outras eram feitas de argila, carbonato de cálcio ou materiais similares.

Os autores do estudo ressaltam que as pastas aplicadas nos caixões e artefatos funerários foram pouco exploradas, contribuindo para lacunas no conhecimento sobre a produção desses selantes. Ao examinar as diferentes pastas à base de gesso presentes nos caixões de Pakepu, os pesquisadores descobriram que todas continham calcita como componente principal.

Para a elaboração das pastas brancas, o calcário era moído até formar um pó fino e combinado com um ligante orgânico. Entretanto, foi utilizada apenas a calcita de maior pureza na confeção do material similar ao cartonagem no caixão interno, enquanto uma calcita menos pura, com mais impurezas, foi escolhida para a pasta do caixão intermediário.

“A seleção e processamento do material geológico empregado na fabricação do pseudo-cartonnage do caixão interno aparenta ter sido mais minuciosa, por estar mais próximo do corpo do falecido, comparado ao caixão intermediário”, afirmam os autores.

“As diferenças de qualidade nas pastas reveladas nesse estudo ajudam a compreender as funções de cada caixão, indicando que o caixão interno desempenhava um papel semelhante às antigas caixas de múmias em cartonnage, sendo a camada mais externa da própria múmia”, adicionam.

Quanto às pastas rosa, a coloração se deve à maior presença de ferro, evidenciando que a calcita utilizada era, novamente, de maior pureza no caixão interno em comparação ao caixão intermediário.

Caixão de Tutancâmon
Múmias egípcias eram seladas com dois caixões (Imagem: Claudine Silaho Weber/Shutterstock)

“Como essas pastas eram usadas primariamente para preenchimento e não seriam visíveis, a estética e textura podiam ter menor relevância, enquanto a presença de grãos minerais maiores poderia ajudar na prevenção de contrações durante a secagem, contribuindo para a estabilidade estrutural”, explicam.

A considerável variação na composição e qualidade das pastas sugere que, embora houvesse uma tradição enraizada no uso de pastas à base de calcita no Egito Antigo, os artesãos possuíam receitas distintas para a produção desses gessos.

Adicionalmente, a descoberta de várias pastas distintas nos caixões de Pakepu sugere que seu túmulo foi, possivelmente, criado por múltiplos artesãos, cada um seguindo seus próprios métodos.

Os cientistas desvendaram segredos fascinantes por trás do cuidadoso selamento dos caixões egípcios antigos, proporcionando uma visão única sobre a elaborada arte funerária da época.

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