Sachês de nicotina: um perigo para a saúde e altamente viciantes
Especialistas alertam que os sachês de nicotina não são uma alternativa segura para quem deseja parar de fumar ou procurar uma opção menos prejudicial que o cigarro. Esses sachês, conhecidos como pouches ou snus, contêm concentrações de nicotina sintética ou extraída do tabaco que variam de 6 a 25mg por unidade, muito superiores aos cerca de 1mg encontrados em um cigarro convencional.
Diferentemente do cigarro ou do vape, os pouches não são fumados, mas colocados entre a gengiva e os lábios, liberando nicotina diretamente na boca. Apesar da percepção de ser menos prejudicial, a absorção é mais rápida e atinge o cérebro e o sangue de forma acelerada, tornando-se extremamente viciante. A especialista em tabagismo da Fundação do Câncer, Milena Maciel, alerta sobre os riscos deste método de consumo:
“A mucosa oral tem muitos vasos, então a velocidade de absorção é mais rápida. Aí ela chega mais rápido no cérebro e no sangue”, explica a especialista.
Além do potencial viciante da nicotina, que afeta neurotransmissores relacionados ao prazer, o composto é um estimulante cerebral que pode gerar ansiedade e irritabilidade após o efeito imediato, levando o usuário a buscar novas doses. A nicotina também promove a proliferação de células cancerígenas, favorecendo o desenvolvimento de câncer, independentemente da presença de fumaça ou outros componentes do tabaco.
Outros ingredientes presentes nos sachês, como níquel, cromo, amônio e formaldeído, altamente cancerígenos, podem acarretar sérios problemas de saúde. Além disso, a nicotina eleva a pressão arterial, a frequência cardíaca e provoca vasoconstrição, propiciando complicações cardíacas, além de problemas bucais como ressecamento da mucosa, gengivite, cáries e perda dentária.
Apesar de terapêutico, o uso de nicotina em adesivos e gomas de mascar deve ser regulado e administrado por profissionais de saúde no contexto do tratamento contra o tabagismo. Os sachês, por outro lado, não devem ser considerados uma alternativa segura, conforme ressalta a Fundação do Câncer.
Necessidade de regulamentação e proibição
No Brasil, os sachês de nicotina não são regulamentados e podem ser adquiridos facilmente pela internet. A falta de controle preocupa especialistas, que alertam para o perigo do consumo indiscriminado, especialmente por jovens e não fumantes atraídos pela praticidade e diversidade de sabores dos produtos.
“Tem crianças e adolescentes usando. Pessoas que nunca pensaram em fumar, estão achando bonito e querendo experimentar. Até porque eles vêm numa caixinha bonitinha né? Com sabores diferentes… Parece até uma coisa ‘high tech’, moderna”, diz Milena Maciel.
A consultora da Fundação do Câncer defende a necessidade de uma regulação por parte da Anvisa, que inclua a proibição da fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda dos sachês, seguindo a mesma linha adotada em relação aos vapes no ano anterior.
Diante dos riscos à saúde e do potencial de vício associados aos sachês de nicotina, é crucial o controle e a conscientização sobre os perigos desse produto, visando proteger a saúde e o bem-estar da população.
Comentários Facebook