Recentemente, uma pesquisa em andamento investiga a possível localização de um cemitério de escravizados do século 18 em Salvador. O estudo sugere que o local poderia estar situado onde hoje é o estacionamento da Pupileira, no bairro de Nazaré, região central da cidade.
A descoberta surgiu a partir do trabalho de doutorado da arquiteta urbanista Silvana Olivieri, da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Utilizando mapas históricos da época e imagens de satélite atuais, Olivieri identificou possíveis correspondências que apontam para a existência do antigo cemitério na entrada da Pupileira.
A pesquisadora mencionou ter se baseado em diversos mapas e plantas de Salvador do século 18, além de referências bibliográficas limitadas, como artigos de historiadores e um livro escrito em 1862. A investigação tem despertado interesse de pesquisadores e da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, responsável pela área, que consideram uma escavação para confirmar a presença do cemitério. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também estão envolvidos no processo.
Documentos sugerem que o cemitério teria sido usado para sepultar não apenas escravizados, mas também indígenas, integrantes da comunidade cigana e pessoas sem recursos para um enterro digno. A quantidade exata de corpos enterrados na área ainda não é conhecida.
A possível presença de sepultamentos de líderes de revoluções e revoltas históricas no Brasil, como a Revolta dos Búzios, a Revolução Pernambucana e a Revolta dos Malês, apresenta um aspecto relevante. Os enterros eram realizados de forma simples e sem cerimônias religiosas, evidenciando condições precárias.
Administrado primeiramente pela Câmara Municipal e posteriormente pela Santa Casa de Misericórdia, o cemitério permaneceu em operação por aproximadamente 150 anos, encerrando suas atividades em 1844, quando a instituição adquiriu o Cemitério Campo Santo, situado no bairro da Federação.
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