O Diretor do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC) de Itabuna, Denelísio Nobre, foi removido de suas funções. A decisão foi oficializada pelo Diário Oficial do Estado da Bahia no último sábado (15), após estudantes relatarem casos de assédio moral, importunação sexual e racismo.
Estudantes procuraram assistência jurídica para fazer denúncias, e a licença por motivos de saúde do diretor chegou ao fim. O processo está em sigilo na justiça, com três boletins registrados até o momento na Delegacia da Polícia Civil de Itabuna. O diretor estava afastado devido a um atestado médico, e em uma reunião na sexta-feira (14), a Secretaria de Educação do Estado (SEC) teria se comprometido com a sua remoção e intervenção estadual no complexo.
A decisão foi tomada logo após uma reunião entre representantes estudantis, a advogada responsável pelo caso e membros da superintendência, juntamente com representantes da escola, para discutir os desdobramentos. Foi precedida por uma manifestação em frente ao Núcleo Territorial da Educação Litoral Sul na sexta-feira (14), onde exigiram a saída do diretor.
RELEMBRE O CASO
Vários estudantes procuraram a advogada Úrsula Matos para denunciar as condutas do diretor, incluindo comportamentos inapropriados, assédio sexual, discriminação racial e homofobia, após uma palestra em agosto de 2024 no teatro da escola.
“Após a palestra, fui abordada por 20 adolescentes em busca de ajuda. Esperaram a saída de todos os professores e da vice-diretora para compartilharem os abusos que estavam sofrendo”, lembra a advogada em entrevista ao Bahia Notícias.
Em uma reunião em fevereiro deste ano, como retaliação aos boatos e reclamações dos estudantes, o diretor teria feito comentários preconceituosos em um evento privado. Segundo uma aluna que preferiu manter anonimato, ele pretendia “falar a língua dos alunos”, sem a presença de adultos no ambiente.
Uma ex-aluna do CIEBTEC também relatou ter sido assediada pelo diretor durante uma viagem escolar. Ele questionou sobre suas preferências de idade e se tinha interesse em pessoas mais velhas, com mais de 50 anos. Após a viagem, ele continuou pressionando por uma resposta e a convidou para nadar em sua casa.
Além da destituição, representantes estudantis e da sociedade civil afirmaram que irão acompanhar de perto o caso, exigindo diligência nas investigações. Organizações como a Rede Feminista Crystiane e o Movimento Negro Unificado de Itabuna estão engajados nesse acompanhamento.
“Reiteramos nosso comprometimento em zelar pela rápida apuração de todas as denúncias contra o diretor da instituição de ensino mencionada. Estamos aqui para representar as mulheres em busca da verdade, ética e justiça”, declarou a organização em comunicado.
O Bahia Notícias tentou contato com Denelísio Nobre, porém, até o fechamento desta matéria, não houve resposta. Enquanto isso, a vice-diretora assume temporariamente a direção da escola, enquanto a Secretaria de Educação avalia novas medidas administrativas para o caso.
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