Cid revela que Bolsonaro solicitou levantamento sobre joias para venda e arrecadação de dinheiro
Durante um dos depoimentos prestados pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito que investigou um esquema envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro em um suposto Golpe de Estado, uma declaração importante veio à tona. Neste depoimento, foi mencionado que Bolsonaro solicitou um levantamento dos valores dos presentes recebidos de autoridades da Arábia Saudita. Essa trama envolvendo a entrada ilegal de joias sauditas no Brasil por Bolsonaro foi exposta em março de 2023 pelo Estadão.
O depoimento foi prestado à Polícia Federal em agosto de 2023 e, na quarta-feira, 19, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou público o conteúdo do depoimento, assim como os vídeos das oitivas.
O ex-presidente, por sua vez, tem refutado a delação de Cid, classificando-a como “fantasiosa”. Além disso, ele critica a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, alegando ser ‘inepta’, ‘precária’ e ‘incoerente’.
Segundo o relato de Cid, Bolsonaro expressou interesse em vender os presentes recebidos como chefe de Estado para custear multas judiciais. Entre essas multas, foi citada uma condenação originada de uma ação movida pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Em sua colaboração, Mauro Cid afirmou que repassou ao ex-presidente a quantia de US$ 86 mil provenientes da comercialização de joias recebidas como presentes durante seu mandato.
As joias, um presente do governo saudita para Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, foram confiscadas no Aeroporto de Guarulhos (SP). Elas estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que voltava de uma viagem ao Oriente Médio em outubro de 2021.
Ao perceber a apreensão das joias, o ministro tentou intervir utilizando seu cargo para liberar os diamantes, alegando que se tratava de um presente do governo saudita para Michelle. O ocorrido foi registrado pelas câmeras de segurança, porém as joias foram retidas pelos agentes da Receita Federal, uma vez que no Brasil é obrigatória a declaração de bens com valor superior a US$ 1 mil que entram no país.
Essas revelações evidenciam um capítulo conturbado na trajetória política recente do país, suscitando questionamentos sobre a conduta e transparência no exercício do poder público.
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