Em meio a uma crise econômica e tensões geopolíticas, os alemães participaram das eleições legislativas antecipadas para definir os novos membros do Parlamento (Bundestag) no domingo (23/2).
As pesquisas de boca de urna indicam que a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) conservadoras foram as mais votadas, com aproximadamente 29% dos votos, consolidando o líder conservador Friedrich Merz como o próximo chanceler federal, substituindo o impopular Olaf Scholz, social-democrata.
“A esquerda acabou. Não há mais maioria de esquerda e não há mais política de esquerda na Alemanha“, declarou Merz no sábado (22/2) durante o comício que encerrou sua campanha em Munique.
Embora tenha superado o Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, a CDU/CSU não alcançou maioria no Bundestag. Dessa forma, será necessário formar alianças com outras siglas para garantir um governo estável, um processo que pode se estender por semanas.
Scholz e o SPD obtiveram apenas 16% dos votos, resultando na terceira posição no Bundestag e marcando o pior desempenho do partido em mais de um século, indicando a iminente saída do líder da chancelaria.
Com esse resultado, Scholz se encaminha para se tornar o chanceler federal com o mandato mais curto desde a reunificação alemã em 1990, permanecendo menos de quatro anos no cargo.
A Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, deve conquistar 19,5% dos votos, quase dobrando seu eleitorado em relação ao pleito anterior, refletindo um cenário eleitoral marcado por questões como imigração, crise econômica e polêmicas externas.
Os Verdes e A Esquerda também tiveram desempenhos distintos, com os Verdes sofrendo leve declínio, enquanto A Esquerda reverteu sua queda nos últimos anos, obteve 8,5% dos votos.
Os resultados preliminares indicam que o Partido Liberal Democrático (FDP) e a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) correm o risco de não atingir a cláusula de barreira de 5% para ingressar no Bundestag.
Negociações e formação de governo
A CDU/CSU avançou cerca de cinco pontos percentuais em relação ao pleito anterior, porém ainda precisará costurar alianças para obter uma maioria sólida no Bundestag e viabilizar o governo de Merz.
Para liderar um governo estável na Alemanha, um candidato a chanceler federal precisa garantir mais de 50% dos votos no Bundestag, exigindo a formação de coalizões. Com Merz descartando alianças com a AfD, é provável que busque parcerias com o SPD e os Verdes, as duas maiores bancadas dos últimos anos.
Ascensão de Merz e derrota histórica dos social-democratas
Membro da CDU, Merz retornou à política em 2018, assumindo a liderança da legenda em 2021 e adotando uma postura conservadora, diferenciando-se da abordagem centrista de Merkel.
Sua possível eleição como chanceler federal representa uma mudança significativa na política alemã, com Merz enfatizando pautas como imigração e energia nuclear, além de se distanciar da ultradireita.
O SPD de Scholz enfrentou uma derrota histórica, com apenas 16% dos votos, marcando um dos piores resultados da legenda. Scholz também está próximo de encerrar seu mandato como chanceler, após liderar uma inédita coalizão de governo.
Outros partidos e panorama eleitoral
Os Verdes e o FDP, parceiros de Scholz até recentemente, viram seus resultados diminuírem, enquanto a AfD quase dobrou sua representação, refletindo um cenário de polarização e desafios políticos na Alemanha.
A esquerda, representada por A Esquerda, ressurgiu nas urnas, conquistando 8,5% dos votos, em um cenário eleitoral que testemunhou diversas mudanças e reviravoltas.
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