Neste domingo de Carnaval, o Secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, discutiu os obstáculos enfrentados pelos blocos afro em ampliar sua presença para além de Salvador. Ele fez esses comentários no Camarote Brahma, no Circuito Dodô (Barra-Ondina), em resposta às observações de Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente e fundador do Ilê Aiyê.
No sábado passado, Vovô do Ilê ressaltou as dificuldades de promover a cultura afro-baiana em outros municípios, citando a falta de interesse das prefeituras em estabelecer parcerias com os blocos.
“As prefeituras não querem contratar, não querem fazer parcerias. Até para contribuir com a economia, pois ao contratar um artista baiano, o dinheiro fica aqui. Se você contrata pessoas de Goiás, de São Paulo, o dinheiro vai para lá. Hoje, temos essa cultura de outros ritmos que não a música negra”, lamentou Vovô na ocasião.
Bruno Monteiro reconheceu a necessidade de maior visibilidade e financiamento para os blocos afro, enfatizando que a maioria dessas expressões culturais sobrevive unicamente com o apoio do governo, sem incentivos de bancos ou grandes marcas privadas.
“Se não fosse pelo governo, pelo Ouro Negro, a grande maioria dos blocos afro não teria qualquer apoio. Eles não recebem apoio de bancos, cervejarias ou grandes marcas privadas. Essas manifestações culturais carregam a identidade de nossa cultura. Possuem uma história muito significativa que dá sentido a tudo que é produzido. Estamos aqui celebrando os 40 anos do Axé Music. Não haveria Axé Music sem os blocos afro, os afoxés”, afirmou o secretário em entrevista ao Bahia Notícias.
Monteiro também ressaltou os esforços do governo em ampliar os mecanismos de apoio, mencionando programas que possibilitam a divulgação da cultura afro-baiana fora do Brasil. “O Ilê Aiyê, por exemplo, no ano passado esteve na Europa, apoiado pelo Governo do Estado, durante sua turnê de 50 anos, assim como o Olodum em momentos anteriores. Isso é crucial, pois promove uma articulação dessa arte produzida na Bahia”.
Além do financiamento, o secretário destacou a importância de aumentar a visibilidade dos blocos afro nos circuitos do Carnaval, reconhecendo que seus desfiles se aprimoram a cada ano e devem ser considerados como elementos fundamentais da festa.
“Também há a necessidade de ampliar o diálogo sobre a comunicação para dar mais visibilidade aos desfiles dos blocos afro, pois a cada ano eles se enriquecem e aprimoram, merecendo ter destaque como qualquer outra atração. Estou certo de que isso também aumentará o interesse por essas manifestações tão queridas e importantes para a Bahia”.
Em um contexto em que a cultura afro-baiana luta por espaço e reconhecimento, é essencial apoiar e promover a diversidade e a riqueza dessas manifestações que fazem parte da identidade cultural do estado da Bahia.
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