A Câmara de Vereadores de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, deliberou pela revogação da doação de um terreno cedido à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A decisão, tomada em sessão extraordinária, teve o apoio de 13 dos 15 vereadores. O terreno, com área de 60,3 mil m², inicialmente destinado à construção de um novo campus universitário, viu seu projeto ameaçado devido à falta de recursos federais.
A votação provocou intensos debates entre os vereadores, com um único voto contrário da vereadora Luana Carvalho (PT), que defendeu veementemente a UFRB, sendo vaiada durante sua manifestação. Ela considerou “um crime contra a educação pública de Santo Amaro” e declarou que “a luta está apenas começando”.
Os defensores da medida argumentaram que a destinação do terreno para a iniciativa privada resultará em geração de empregos e renda para a cidade. Por outro lado, a comunidade acadêmica opõe-se à reversão, afirmando que tal decisão comprometerá o futuro do ensino superior na região, posição defendida pela representante sindical Renata Gomes em entrevista ao Bahia Notícias.
A Reitoria da UFRB manifestou “profunda indignação” com a decisão da Câmara, ressaltando que buscará recorrer da decisão, se necessário. Em comunicado, a reitoria destacou a UFRB como a “maior política pública da história do Recôncavo da Bahia” e expressou disponibilidade para dialogar com as autoridades municipais visando garantir o futuro da instituição na região.
As divergências surgem no contexto de uma década de impasse sobre a propriedade do terreno, antes ocupado pela antiga Siderúrgica Fundição Tarzan. A doação à UFRB em 2012 previa a transformação do local em um centro acadêmico, mas a inatividade resultou na aprovação do Projeto de Lei 006/2025 pela Câmara, visando a devolução do terreno à prefeitura e sua subsequente destinação a uma empresa privada para a construção de um supermercado.

Imagem do terreno vista de cima | Foto: Reprodução / Google Street View
O sindicato dos professores da UFRB manifestou-se contrariamente à reversão do terreno, alertando para os riscos à presença da universidade em Santo Amaro e exigindo a retirada da matéria da pauta da Câmara. Enquanto isso, o Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da UFRB continua operando provisoriamente em um prédio cedido, oferecendo cursos de graduação e um programa de Mestrado na área da Cultura.
Essa recente tentativa de reversão da doação é precedida por uma ação semelhante em 2020, quando o prefeito Flaviano, na época, buscou transferir o terreno a uma indústria química de São Paulo. Agora, a comunidade universitária e local se mobiliza novamente contra a possível revogação da doação, que desta vez visa a instalação de um atacadão. Estudantes e professores unem esforços para defender a permanência do projeto educacional na cidade.
Diante da urgência da situação, a persistência da luta pela manutenção do terreno destinado à UFRB se torna essencial para garantir a continuidade do ensino superior de qualidade na região.
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