Segundo relatos de aliados, o ex-presidente Jair Bolsonaro se opôs à decisão de seu filho, Eduardo Bolsonaro, de permanecer nos Estados Unidos. Bolsonaro foi informado no final de semana e tentou persuadi-lo a retornar ao Brasil. Eduardo comunicou oficialmente sua licença da Câmara dos Deputados na quinta-feira (20), mas já havia publicado um vídeo em suas redes sociais na terça-feira anterior (18), declarando sua permanência no país e seu afastamento do cargo por 120 dias. Ele justificou a decisão, temendo apreensão do passaporte e uma possível detenção.
O deputado comunicou sua escolha a seu pai no sábado anterior (15), um dia antes de uma manifestação no Rio de Janeiro pela anistia de presos condenados por ataques golpistas em 8 de janeiro. Relatos indicam que o ex-presidente se emocionou na conversa com o filho, tentando dissuadi-lo de permanecer nos Estados Unidos de Trump. Além da oposição do pai, aliados alertaram que sua permanência poderia gerar a imagem de fuga em um momento crítico politicamente e prejudicar sua futura candidatura ao Senado em 2026 por São Paulo, considerada certa por seguidores de Bolsonaro.
Apesar das tentativas de persuasão, Eduardo decidiu ficar nos EUA, levando em conta sua família, o receio de possíveis ações severas do STF contra ele e a crença de que sua influência em possíveis sanções de Trump seria mais eficaz estando presente no país. Em entrevista à Folha na terça-feira, Eduardo informou que seus argumentos foram acatados pelo pai e pela esposa, Heloísa.
A Procuradoria-Geral da República se opôs à apreensão de seu passaporte no mesmo dia em que ele anunciou sua permanência nos Estados Unidos. A incerteza quanto ao retorno de Eduardo persiste, com especulações sobre eventual pedido de asilo nos EUA. A reação do STF foi vista por aliados como um respaldo à sua postura crítica ao Judiciário, demonstrando politização do Poder e justificando sua decisão de não retornar.
A decisão de Eduardo foi mantida em sigilo, embora algumas pessoas tenham tentado convencê-lo a mudar de ideia ou, ao menos, a reassumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. A ministra Gleisi Hoffmann criticou a atitude de Eduardo, chamando-o de “medroso” e acusando-o de vitimismo. Ela expressou que, no caso de manutenção da decisão, seu afastamento poderia configurar abandono de mandato.
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