Parentesco contamina eleição da Feira dos Importados, afirma oposição

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Influências familiares têm impactado diretamente o processo eleitoral para a administração da Feira dos Importados de Brasília, causando dissensão entre os proprietários de bancas no centro comercial, que está sob o controle do mesmo grupo há cerca de 13 anos. As próximas eleições, realizadas a cada três anos, estão agendadas para segunda-feira (31/3).

A gestão da feira é conduzida pela Cooperativa de Produção e Compra em Comum dos Empreendedores da Feira dos Importados (Cooperfim). José Nildo Pereira de Oliveira, irmão do atual vice-presidente e candidato à presidência da Cooperfim, João Batista Pereira de Oliveira, é o presidente da comissão eleitoral. Atualmente, a cooperativa é liderada por Damião Leite Soares, buscando a reeleição.

O regulamento da Cooperfim não veta a nomeação de familiares para cargos de destaque na cooperativa, no entanto, para a oposição, a situação tornou-se “no mínimo imoral”. A crítica ganhou força após dois membros da chapa de oposição, incluindo a então candidata à presidência da cooperativa, terem sido impedidos de concorrer pela comissão eleitoral.

De acordo com o advogado da chapa 2 “União e Renovação”, Renato Araújo, os membros da chapa questionam o fato de José Nildo ser irmão de João Batista, concorrente à presidência pela chapa “Agora é Joãozinho”.

“Neste momento inicial, estamos tratando dos aspectos legais para garantir a participação da chapa nas eleições de segunda-feira. Quaisquer denúncias ou medidas relacionadas à situação serão tomadas posteriormente”, destacou Araújo.

Em entrevista ao Metrópoles, João Batista negou qualquer irregularidade ou interferência na disputa eleitoral. Ele também enfatizou que não indicou o irmão para o cargo na comissão eleitoral. “A comissão eleitoral é composta por três cooperados. Um é indicado pelo Conselho Fiscal, que neste caso foi ele [José Nildo], e os outros dois são indicados pelo Conselho Administrativo, do qual eu faço parte”, argumentou.

João salientou que rompeu com o grupo do atual presidente da Cooperfim, Damião Leite Soares, devido a discordâncias em relação às novas alianças propostas. “Se estivesse faltando algum documento ou algo errado, com certeza ele [José Nildo] teria me barrado. Ele já foi nomeado várias vezes para a comissão eleitoral, pois sempre desempenhou seu trabalho com integridade”, afirmou.

Segundo José Nildo, irmão do candidato João Batista e presidente da comissão, as impugnações foram realizadas com base técnica no estatuto da feira. A primeira delas, segundo ele, ocorreu devido à apresentação de um documento de nada consta local no lugar do equivalente válido nas esferas estadual e federal. A segunda impugnação aconteceu após um parecer jurídico, devido a um candidato ter feito o registro com um CNPJ em vez de um CPF.

Damião Leite e a Cooperfim se manifestaram por meio de comunicado. Conforme o documento, a candidata de uma das chapas foi impedida de concorrer por possuir condenação penal transitada em julgado. Ela foi substituída por outro cooperado.

“O desacordo de uma das chapas com a comissão eleitoral ocorreu porque a comissão identificou que a candidata à presidência de uma das chapas concorrentes manipulou a eleição passada e tentou fazer o mesmo neste ano. A questão foi judicializada pela candidata, cuja solicitação de liminar foi negada”, argumentou a Cooperfim.

De acordo com o comunicado, outro cooperado da mesma chapa foi impugnado por ser uma pessoa jurídica com fins lucrativos, sendo representado por procuração. Ele tem a opção de regularizar sua situação e participar do processo eleitoral ou ser substituído.

“É importante ressaltar que o senhor José Nildo, membro da comissão eleitoral e irmão de um dos candidatos ao Conselho Administrativo, foi indicado pelo Conselho Fiscal da cooperativa, órgão sem qualquer ligação com a diretoria atual e, ademais, responsável por fiscalizar as atividades da Cooperfim”, concluiu.

Polo econômico

A Feira dos Importados abriga cerca de 2.400 lojas. Com uma arrecadação mensal próxima de R$ 2 milhões, é um dos principais centros comerciais do DF. Metade das 2.400 lojas são cooperadas e têm direito a voto nas eleições a cada três anos. Trata-se de uma disputa por 1.200 votos. Três chapas concorrem à presidência da cooperativa: a de João Batista, a de Damião Leite e a chapa de oposição.

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