Não é normal que juiz do STF use inquérito para pressionar político

Publicado:

Pressões Políticas e Abusos de Poder no Judiciário Brasileiro

A utilização de inquéritos judiciais com o intuito de pressionar politicamente é algo que não condiz com os princípios de justiça e imparcialidade esperados de um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF). O caso em que Alexandre de Moraes ordenou que uma investigação envolvendo Gilberto Kassab retornasse do poder de investigação de primeira instância para o próprio STF, sob a justificativa de uma suposta “mudança de entendimento” sobre foro privilegiado, é mais um exemplo alarmante de ação questionável.

A investigação em questão versa sobre a suspeita de recebimento de propina no valor de R$ 16 milhões por parte de Gilberto Kassab da JBS, em 2016. Segundo informações divulgadas pelo jornalista Igor Gadelha, especula-se que o ministro pode estar utilizando desse inquérito para pressionar Kassab a fim de manipular a postura política do seu partido, o PSD, em relação à anistia para condenados no caso do 8 de janeiro.

A normalização desse tipo de conduta, que mistura interesses políticos, pessoais e judiciais, não pode ser aceita como prática corrente. O princípio da Justiça é deturpado quando um magistrado faz uso de sua posição para influenciar decisões políticas, subvertendo o curso legítimo dos processos judiciais. A mera menção de que as ações de um ministro podem ser pautadas pela adesão ou não de um partido político a determinado projeto de lei revela a contaminação do processo judicial por interesses alheios à aplicação imparcial da lei.

A relação conturbada entre Alexandre de Moraes e Gilberto Kassab em São Paulo, além de ações passadas que demonstram interferências políticas em filiações partidárias, torna evidente uma predisposição que deveria, no mínimo, suscitar a suspeição do ministro em casos envolvendo Kassab. No entanto, no Brasil, parece prevalecer o inverso, onde conflitos de interesse são normalizados em detrimento da justiça e da equidade esperadas do sistema judiciário.

É fundamental questionar aonde essa banalização das pressões políticas exercidas por autoridades no judiciário brasileiro nos levará, pois já estamos imersos em um cenário onde o desvio de conduta e abuso de poder são tolerados de forma preocupante. A sociedade civil precisa estar atenta e exigir a responsabilização dos agentes públicos que se desviam de seus deveres em prol de interesses escusos e pessoais.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

AGU sai em defesa de Hugo Motta em ação sobre funcionária fantasma

A Advocacia-Geral da União (AGU) manifestou apoio ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em uma ação popular que o acusa de...

MPF apura esquema de hackeamento de investigados na polícia de SP

O Ministério Público Federal (MPF) está averiguando um aparente esquema de hackeamento dentro da Polícia Civil de São Paulo. Pesquisas indicam que um...

Filipe Luís avalia peso de erros na briga pelo título do Brasileirão

Na 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, o São Paulo e o Flamengo empataram em 2 a 2 nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, em...