O Brasil tem sido destaque nas discussões sobre mudanças climáticas e preservação ambiental, especialmente em um ano que sediará a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em 2025, em Belém, Pará. Porém, a ferramenta MapBiomas, reconhecida no combate ao desmatamento, tem gerado preocupação entre produtores rurais baianos devido a erros e inconsistências. Essa problemática alcançou tamanha complexidade que desencadeou processos judiciais.
Nos últimos anos, o MapBiomas se destacou como um eficaz sistema de mapeamento de áreas de desmatamento irregular no Brasil. Utilizando imagens de satélite de alta resolução e dados de alertas de diversos provedores, o sistema monitora o uso do solo e emite alertas de desmatamento. Com sua abrangência, passou a receber contribuições de órgãos como Ibama, ICMBio, MPF e TCU.
A problemática teve início quando instituições financeiras passaram a utilizar o MapBiomas como critério para concessão de crédito a produtores rurais, com base na avaliação de risco. Por se tratar de uma estimativa sem validação oficial, alertas incorretos, inclusive conflitantes com dados do Ibama, têm levado a negação de empréstimos a produtores que não cometeram irregularidades.
A situação se agravou, uma vez que os bancos não são obrigados a justificar suas recusas, e a falta de especialistas nessas instituições dificulta substancialmente a apresentação de provas. A judicialização decorrente dessas questões levou o próprio MapBiomas a emitir um comunicado em seu site, ressaltando que não realiza avaliações sobre legalidade dos alertas de desmatamento publicados na plataforma.
Nota informativa alerta que ferramenta não se responsabiliza por decisões tomadas por órgãos e instituições
De acordo com os advogados ambientais Raphael Leal e Otavio Leal Pires, do escritório Leal Advocacia & Consultoria, embora a plataforma conte com apoio de entidades governamentais e pesquisadores, ela carece de validade jurídica. “Embora contenha informações relevantes, sua falta de validação oficial representa um risco para os produtores rurais, que podem ser injustamente acusados de irregularidades com base em dados não formalmente validados”, destacou Raphael.
Segundo Otavio, indicadores incorretos do MapBiomas afetam significativamente o setor. “Produtores rurais podem ter crédito negado injustamente, comprometendo a sustentabilidade econômica de suas atividades. O uso de uma ferramenta não oficial para restringir direitos é absurdo e desrespeita orientações do Conselho Monetário Nacional. A transparência é fundamental para garantir justiça”, ressaltou.
Ambos os advogados orientam produtores a monitorar atentamente os dados divulgados, buscar apoio jurídico se necessário e participar ativamente do debate sobre o MapBiomas. A proteção ambiental é crucial, mas deve ser garantida sem prejudicar os direitos dos produtores rurais, visando um sistema mais transparente que beneficie o meio ambiente e a segurança jurídica no campo.
Em meio a este cenário desafiador, a conscientização e a busca por soluções justas e equilibradas se tornam essenciais para garantir a sustentabilidade do agronegócio e a preservação do meio ambiente.
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