São Paulo — Conhecido como “magrão”, Sandro Torres Amante, atual secretário da Segurança Urbana de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, e também comandante da Guarda Civil Municipal (GCM) da cidade, teve seu nome associado a traficantes locais por meio de relatos de testemunhas protegidas ao Ministério Público paulista (MPSP). Essas testemunhas, que também fazem parte da guarda municipal, inclusive em cargos de chefia, revelaram informações delicadas sobre suas atividades.
Um dos depoimentos veiculados pelo Metrópoles indicou que um guarda civil da cidade afirmou que Sandro estaria envolvido em atividades ilícitas como tráfico de drogas há mais de 17 anos, mantendo relação estreita com traficantes de diferentes regiões do município. Segundo relatos, durante autuações por tráfico realizadas entre 2014 e 2015, os suspeitos mencionavam que “o magrão está conosco”, insinuando que o comandante da GCM poderia intervir para livrá-los de flagrantes.
Outros depoimentos também indicaram essa ligação suspeita entre o secretário e o comércio ilegal de drogas, aumentando a gravidade das acusações.
“Algumas vezes, o próprio Sandro entrava em contato afirmando que determinado indivíduo fazia parte da ‘família’, sugerindo assim a liberação de traficantes”, relatou um dos guardas municipais ao MPSP.
Relações Polêmicas
Além das conexões com o tráfico, os depoimentos revelam que Sandro teria utilizado a empresa de segurança que possui com familiares para atividades ilícitas, incluindo furtos, desde 2008.
Em determinado período, o secretário foi exonerado da GCM, mas acabou sendo reintegrado ao cargo por decisão do então prefeito Clóvis Volpi (PV), pai do atual prefeito Guto Volpi (PL), que saiu em defesa de Sandro após as denúncias virem à tona. Em suas redes sociais, Clóvis Volpi expressou confiança na inocência do secretário e enalteceu sua trajetória profissional.
“Destaco a trajetória de 30 anos do Sandro na Guarda Municipal e suas contribuições à cidade. Reitero meu compromisso com a verdade, ressaltando que acataremos integralmente quaisquer decisões judiciais”, afirmou Clóvis Volpi em comunicado.
Sandro assumiu a pasta da Segurança Urbana após a eleição de Guto Volpi, tornando-se réu em uma ação penal que o condenou por furto qualificado, aumentando ainda mais a controvérsia ao redor de seu nome.
Envolvimento em Crimes
As investigações apontam que Sandro e outros membros da GCM estiveram envolvidos em furtos a açougues na cidade, em junho de 2018. Os guardas teriam manipulado câmeras de segurança e criado uma ocorrência falsa para desviar a atenção das autoridades. A empresa de monitoramento dos açougues, supostamente utilizada para selecionar potenciais alvos de furtos, possuía laços familiares com Sandro.
O MPSP denunciou os envolvidos por furto qualificado, receptação e associação criminosa, evidenciando um esquema profundo de atividades ilícitas dentro da própria GCM.
Consequências Judiciais e Investigativas
Sandro foi condenado em instância superior a prisão em regime semiaberto e multa, porém sua defesa recorreu da decisão. O caso permanece em discussão nos tribunais, com a possibilidade de perda do cargo na GCM após o esgotamento dos recursos legais.
O envolvimento do secretário em crimes graves e o suposto funcionamento de uma milícia dentro da GCM continuam sob investigação, revelando um cenário perturbador de corrupção e crime organizado.
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